A exceção permanente e o racismo estrutural no controle penal brasileiro

Autores

  • André Luiz de Rezende Junior Universidade Federal de Jataí
  • Ícaro Melo dos Santos Universidade Federal de Jataí

Palavras-chave:

Direito Penal do Inimigo, Estado de Exceção, Necropolítica, Racismo Estrutural

Resumo

O presente artigo visou compreender, brevemente, o modo em que é constituído a concepção de um inimigo no direito penal, especialmente, no caso brasileiro a partir de conceitos como estado de exceção, racismo estrutural e necropolítica. Visto isso, questiona-se quais são as consequências, para a política criminal brasileira, da instrumentalização da categoria de inimigo? Para compreender essa questão, utiliza-se o Plano Nacional de Segurança Pública e Defesa Social (PNSPDS), que tem por pressuposto um paradigma de combate incessante contra aqueles que são rotulados como inimigos de modo a perpetuar desigualdades de raça e classe. Para atingir esse objetivo, partiu-se do método-hipotético-dedutivo e bibliografia especializada. Como resultado foi possível perceber a operacionalização de um estado de exceção permanente que segrega, marginaliza e elimina aqueles tidos como indesejáveis. Nesse cenário, o racismo estrutural perpassa e guia a aplicação do controle sócio-penal nessa realidade de modo a concretizar um exercício necropolítico do poder.

Biografia do Autor

André Luiz de Rezende Junior, Universidade Federal de Jataí

Graduando em Direito pela Universidade Federal de Jataí (UFJ), 7º período. Membro do Grupo de Pesquisa “Novas Perspectivas do Direito Penal”. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/2240146109496389. E-mail: andreluiz25a@gmail.com.

Ícaro Melo dos Santos, Universidade Federal de Jataí

Graduando em Direito pela Universidade Federal de Jataí (UFJ), 7º período. Membro do Grupo de Pesquisa “Novas Perspectivas do Direito Penal”. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/5546970575437568. E-mail: icmelosan@gmail.com.

Referências

ABDALLA, Guilherme de Andrade Campos. O Estado de Exceção em Giorgio Agamben: Contribuições ao Estudo da Relação Direito e Poder. 2010. 224 f. Dissertação (Mestrado) – Curso de direito, Programa de Pós-Graduação em Direito, Universidade de São Paulo. São Paulo, 2010. Disponível em: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/2/2139/tde-01082011-163923/publico/Dissertacao_de_mestrado_Guilherme_de_Andrade_Campos_Abdalla.pdf. Acesso em: 15 mai. 2020.

AGAMBEN, Giorgio. Estado de Exceção. 2. ed. São Paulo: Boitempo, 2019. Trad. Iraci D. Poleti.

AGAMBEN, Giorgio. Estado de exceção e genealogia do poder. Revista Brasileira de Estudos Políticos, [S.l.], v. 108, p. 23–39, jan/jul. 2014. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/rbep/article/view/P.0034-7191.2014v108p21. Acesso em: 20 maio 2020.

ALMEIDA, Sílvio Luiz de. O que é racismo estrutural? Belo Horizonte (MG): Letramento, 2018.

BENITEZ, Carla. Distribuir e punir?: Capitalismo dependente brasileiro, racismo estrutural e encarceramento em massa nos governos do Partido dos Trabalhadores (2003–2016). 2018. 353 f. Tese (Doutorado) - Curso de sociologia, Programa de Pós-Graduação em Sociologia, Universidade Federal de Goiás. Cidade de Goiás, 2018. Disponível em: http://repositorio.bc.ufg.br/tede/handle/tede/8995. Acesso em: 30 jan. 2020.

BRANDÃO, Cláudio. Significado Político-Constitucional do Direito Penal. Revista Justiça e Sistema Criminal: Modernas Tendências do Sistema Criminal, Curitiba, v. 3, n. 4, p. 75–93, jan/jun. 2011.

BRASIL. Decreto nº 9.630, de 26 de dezembro de 2018. Institui o Plano Nacional de Segurança Pública e Defesa Social e dá outras providências. Brasília, DF, Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/decreto/D9630.htm. Acesso em: 15 jul. 2020.

DUARTE, Fábio Henrique. Biopolítica e democracia em Giorgio Agamben. 2017. 156 f. Tese (Doutorado) - Curso de filosofia, Programa de Pós-Graduação em Filosofia, Universidade Federal de Santa Catarina. Santa Catarina, 2017. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/188756/PFIL0308-T.pdf. Acesso em: 10 mai. 2020.

FANON, Frantz. Os Condenados da Terra. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968. Trad. José Laurênio de Melo.

FLAUZINA, Ana Luiza Pinheiro. Corpo negro caído no chão: o sistema penal e o projeto genocida do Estado Brasileiro. 2006. 145 f. Dissertação (Mestrado em Direito) - Universidade de Brasília, Brasília, 2006. Disponível em: https://repositorio.unb.br/handle/10482/5117. Acesso em: 8 jul. 2020.

FREITAS, Felipe da Silva. Racismo e polícia: uma discussão sobre mandato policial. 2020. 264 f. Tese (Doutorado) - Curso de Direito, Faculdade de Direito, Universidade de Brasília, Brasília, 2020. Disponível em: https://repositorio.unb.br/bitstream/10482/38911/1/2020_FelipedaSilvaFreitas.pdf. Acesso em: 15 jul. 2020.

GÓES, Luciano. Pátria exterminadora: o projeto genocida brasileiro. Revista Transgressões, v. 5, n. 1, p. 53–79, 24 maio 2017.

GRECO, Luís. Sobre o chamado direito penal do inimigo. Revista da Faculdade de Direito de Campos, Campos dos Goitacases, ano VI, v. 7, p. 211–247, 1 jan. 2005. Disponível em: http://www.unisalesiano.edu.br/salaEstudo/materiais/p297428d7553/material3.pdf. Acesso em: 27 dez. 2019.

IASI, Mauro. Posfácio. In: ŽIŽEK, Slavoj. Violência: seis reflexões laterais. 1. ed. São Paulo: Boitempo, 2014. Trad. Miguel Serras Pereira.

JAKOBS, Gunther; CANCIO MELIÁ, Manuel. Direito Penal do inimigo: noções e críticas. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2018. Trad. André Luís Callegari e Nereu José Giacomolli.

LOSURDO, Domenico. Contra-História do Liberalismo. Trad. Giovanni Semeraro. Aparecida: Idéias & Letras: 2006.

MBEMBE, Achille. Necropolítica: biopoder, soberania, estado de exceção, política da morte. Arte & Ensaios, Rio de Janeiro, 32. ed. 30 dez. 2016. p. 151. Disponível em: https://www.procomum.org/wp-content/uploads/2019/04/necropolitica.pdf. Acesso em: 4 abr. 2020.

MOREIRA, Adilson José. O que é discriminação? Belo Horizonte (MG): Letramento: Casa do Direito: Justificando, 2017.

SAFATLE, Vladimir. O Circuito dos Afetos: Corpos políticos, desamparo e o fim do indivíduo. São Paulo: Autêntica, 2015.

SARTRE, Jean-Paul. Prefácio. In: FANON, Frantz. Os Condenados da Terra. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968. Trad. José Laurênio de Melo.

SCHMITT, Carl. O conceito do político/Teoria do Partisan. Belo Horizonte: Del Rey, 2008. Trad. Geraldo de Carvalho.

SHECAIRA, Sérgio Salomão. Criminologia. 8 ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2020.

WACQUANT, Loïc. Punir os pobres: a nova gestão da miséria nos Estados Unidos. Rio de Janeiro: Revan, 2003; Trad. F. Bastos.

ZAFFARONI, Eugênio. O inimigo no direito penal. Rio de Janeiro: Revan, 2017. Trad. Sérgio Lamarão.

Publicado

2020-12-04

Como Citar

de Rezende Junior, A. L., & Melo dos Santos, Ícaro. (2020). A exceção permanente e o racismo estrutural no controle penal brasileiro. evista vant SSN 2526-9879, 4(2). ecuperado de https://ojs.sites.ufsc.br/index.php/avant/article/view/6874

Edição

Seção

Acadêmica