O Estado de Exceção e a excelência da vida nua no cárcere

manifestações de técnicas do poder

Autores

  • Carlos Felipe de Oliveira Feijo Universidade Federal Fluminense

Palavras-chave:

Estado de Exceção, Biopolítica, Prisão, Homo Sacer

Resumo

O trabalho aqui proposto desenvolve-se a partir da ideia do Estado de Exceção definido pelo filósofo italiano Giorgi Agamben como manifestação da figura do poder identificada pelo francês Michel Foucault. Além de demonstrar que nos aparatos presentes no Estado de Exceção, como a significação de “campo”, encontra-se incluído instituições como o cárcere que, por sua vez, transforma, com excelência, seus clientes docilizados em Homo Sacer. Em primeiro momento conceituará a ideia de poder para Foucault dividindo-se em Poder Soberano, Poder Disciplinar e biopoder somente para fins didáticos; após será analisado os paradigmas do campo a partir da definição de Estado de Exceção de Agamben. Ademais, concatenará as técnicas de poder que fora definida para formar o conceito de campo e demonstrar que o cárcere brasileiro é um verdadeiro Estado de Exceção e, em última instância, transfigura o sujeito em Homo Sacer. O método utilizado é o hipotético-dedutivo, auxiliado por referenciais teóricos da criminologia crítica, ao formular a pesquisa qualitativa. As técnicas utilizadas foram as revisões bibliográficas e o estudo de casos serve de exemplificações. Por fim, conclui-se que a prisão é um verdadeiro depósito de um amontoado de gente e está no paradigma do campo por ser alvo da manifestação do poder para configurar-se como um Estado de Exceção. Seu maquinário, portanto, a partir da biopolítica, transforma sua matéria-prima em vida nua.

Biografia do Autor

Carlos Felipe de Oliveira Feijo, Universidade Federal Fluminense

Graduando da 6º fase do curso de Direito da Universidade Federal Fluminense (UFF). Membro associado do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCRIM), onde integro o Grupo de Estudos Avançados (GEA) em Execução Penal (SP) e em Direito Penal Econômico (RJ). Integrante do Grupo de Pesquisa Constituição, Democracia e Crise (CODEMC), realizado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), sob a coordenação do Professor Adjunto de Direito Penal e Criminologia Antônio Martins e do Professor Adjunto de Direito Constitucional Daniel Capecchi. Participante do grupo de estudos GP- Direito Penal e Política Criminal, organizado pelo Professor Adjunto de Direito Penal e Criminologia Antônio Martins na Faculdade Nacional de Direito (FND-UFRJ). Aluno do curso Constituição, Direitos Fundamentais, Política criminal e Sistema Penal do Programa de Pós-Graduação em Direito Constitucional da Universidade Federal Fluminense (PPGDC-UFF), organizado pelos professores Hamilton Ferraz, Roberta Pedrinha e Taiguara Libano. Integrante do curso de Introdução às Ciências Criminais oferecido pelo projeto de extensão da UFF Coletivo Direito Popular sob a condução do professor Paulo Henrique Lima. Aluno do curso de Criminologias, Políticas Punitivas e Saberes Libertários organizado por Lenice Kelner, Roberta Pedrinha e Vera Regina Pereira de Andrade no ESIAB. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/9338929694769310. E-mail: c.f.o.f.2019@gmail.com.

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Publicado

2024-10-01

Como Citar

DE OLIVEIRA FEIJO, . F. O Estado de Exceção e a excelência da vida nua no cárcere: manifestações de técnicas do poder. Revista Avant, Florianópolis, v. 8, n. 1, p. 219–244, 2024. Disponível em: https://ojs.sites.ufsc.br/index.php/avant/article/view/7395. Acesso em: 5 out. 2024.

Edição

Seção

Acadêmica