As rebeliões prisionais sem reinvindicações e a cultura da violência

uma relação de (re)produção

Autores

  • Bruno César Santos de Freitas Universidade Estadual de Feira de Santana
  • Jader Vinícius Carvalho dos Santos Universidade Estadual de Feira de Santana

Palavras-chave:

Rebeliões prisionais, Sistema carcerário, Direitos humanos

Resumo

O presente artigo tem a finalidade de discutir acerca da temática das rebeliões prisionais, especialmente aquelas que não apresentam em seu bojo quaisquer pautas reivindicatórias — isto é, aquelas que não passam de caos e desordem generalizada. De acordo com o estudo realizado, é possível constatar a íntima conexão entre tais rebeliões e a cultura da violência, marginalização e invisibilização que parte de uma Sociedade amedrontada e é canalizada pela ação atroz de um Estado punitivista que traz como premente solução o encarceramento e o ostracismo penitenciário, por meio da aplicação massificadora da pena privativa de liberdade. Sendo assim, acaba por desembocar num superencarceramento e fomentando a (re)produção de um ambiente em que massacres cada vez mais violentos tornam-se comuns, banalizados, deixando em evidência que a grave crise que o sistema prisional brasileiro sofre é parte de uma problemática sistêmica e, portanto, muito mais ampla.

Biografia do Autor

Bruno César Santos de Freitas, Universidade Estadual de Feira de Santana

Graduando em Direito pela Universidade Estadual de Feira de Santana. E-mail: brunocfreitaz@gmail.com.

Jader Vinícius Carvalho dos Santos, Universidade Estadual de Feira de Santana

Graduando em Direito pela Universidade Estadual de Feira de Santana. E-mail: jaderviniciusc@gmail.com.

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Publicado

2019-02-01

Como Citar

Santos de Freitas, B. C., & Carvalho dos Santos, J. V. (2019). As rebeliões prisionais sem reinvindicações e a cultura da violência: uma relação de (re)produção. evista vant, 3(1). ecuperado de https://ojs.sites.ufsc.br/index.php/avant/article/view/7019

Edição

Seção

Acadêmica