Vidraça denunciante
Abstract
A obra foi escrita durante o retorno para casa no transporte coletivo, após as aulas noturnas de Direito Constitucional na universidade, enquanto contemplava os reflexos dos rostos cansados na vidraça do ônibus lotado. Por isso, já na primeira estrofe é feita referência à “magna folha de papel”, por alusão às exposições de Ferdinand Lassalle e a “Constituição folha de papel”, porquanto, embora o texto constitucional programe uma série de direitos consubstanciados na dignidade humana, parece ao eu-lírico que tais normas-programas culminam por serem apenas um “reconvexo reflexo de uma magna folha de papel”, os rostos refletidos naquela vidraça bem escancaram a identidade da desigualdade social, expõem a falácia do crescimento financeiro e realização pessoal apenas mediante o dito mérito, haja vista que, sem promover à justiça social, o que existe no Estado é apenas “trabalhado exacerbado pelo racionalmente inalcançável”.
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