Zapatismo e alternativas à forma jurídica
contribuições a uma crítica decolonial da cidadania moderna
Palavras-chave:
Modernidade, Padrão de poder capitalista, Forma jurídica, Cidadania, ZapatismoResumo
O artigo investiga a articulação entre a reprodução do capital, o Estado e o Direito na conformação da agência política e das relações sociais. Assim, volta-se à análise das limitações do conceito de cidadania originado pela institucionalidade liberal. Como hipótese inicial, estabeleceu-se que as bases ideológicas da modernidade, como a racionalidade e o indivíduo, fundam-se sobre um padrão de poder marcado pela colonialidade a serviço da reprodução do capital. Nesse sentido, a crítica desenvolvida, estruturada pelo materialismo histórico e através de pesquisa bibliográfica, avançou sobre o papel da forma jurídica como elemento central da conformação da cidadania na modernidade, identificando a extensão das limitações impostas à agência política de grupos sociais. Por fim, realizou-se estudo de caso da experiência zapatista, observando-se as potencialidades do surgimento de sociabilidades emancipatórias a partir da construção da autonomia, e concluindo que uma perspectiva crítica radical de cidadania não deve abrir mão da rejeição da forma-mercadoria, da forma estatal e da forma jurídica como intermediárias das relações sociais.
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