Zapatismo e alternativas à forma jurídica

contribuições a uma crítica decolonial da cidadania moderna

Autores

  • Caio Aragão da Rocha Universidade Federal de Pernambuco

Palavras-chave:

Modernidade, Padrão de poder capitalista, Forma jurídica, Cidadania, Zapatismo

Resumo

O artigo investiga a articulação entre a reprodução do capital, o Estado e o Direito na conformação da agência política e das relações sociais. Assim, volta-se à análise das limitações do conceito de cidadania originado pela institucionalidade liberal. Como hipótese inicial, estabeleceu-se que as bases ideológicas da modernidade, como a racionalidade e o indivíduo, fundam-se sobre um padrão de poder marcado pela colonialidade a serviço da reprodução do capital. Nesse sentido, a crítica desenvolvida, estruturada pelo materialismo histórico e através de pesquisa bibliográfica, avançou sobre o papel da forma jurídica como elemento central da conformação da cidadania na modernidade, identificando a extensão das limitações impostas à agência política de grupos sociais. Por fim, realizou-se estudo de caso da experiência zapatista, observando-se as potencialidades do surgimento de sociabilidades emancipatórias a partir da construção da autonomia, e concluindo que uma perspectiva crítica radical de cidadania não deve abrir mão da rejeição da forma-mercadoria, da forma estatal e da forma jurídica como intermediárias das relações sociais.

Biografia do Autor

Caio Aragão da Rocha, Universidade Federal de Pernambuco

Graduando do 10º período do curso de Direito da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/4114446749808550. E-mails: caioar200@gmail.com / caio.aragao@ufpe.br.

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Publicado

2023-07-11

Como Citar

Aragão da Rocha, C. (2023). Zapatismo e alternativas à forma jurídica: contribuições a uma crítica decolonial da cidadania moderna. evista vant, 7(1). ecuperado de https://ojs.sites.ufsc.br/index.php/avant/article/view/6367

Edição

Seção

Acadêmica