“Mas ai vocês já querem demais né?” Um estudo inicial sobre políticas de ações afirmativas na Pós-Graduação da Universidade Federal do Rio Grande (FURG)
Palavras-chave:
Ação afirmativa, Educação superior, Pós-graduação, RacismoResumo
Em 2022, a Lei de Cotas (Lei n.° 12/711/12) completou uma década de existência. Com essa lei foi possível observar um crescimento no acesso de estudantes negros (pretos e pardos) na educação superior do Brasil, resultado direto da pressão e luta dos movimentos negros iniciada nas décadas de 1980 e 1990. Contudo, ainda, diversos programas de pós-graduação no país deixam lacunas no que se refere às políticas de cotas, o que é reflexo direto das diversas desigualdades sociais, raciais, políticas e econômicas da nossa sociedade, bem como da manutenção de uma lógica meritocrática na educação. Nesse sentido, observamos tantos dados quantitativos da pós-graduação, entre os anos de 2010 e 2022, quanto quatro editais de diferentes áreas de conhecimento da Universidade Federal do Rio Grande (FURG), Mestrado em Direito e Justiça Social, Mestrado e Doutorado em Educação Ambiental e Mestrado em Oceanologia, entre 2020 e 2022, sendo coletados diretamente no sistema da universidade, problematizando os dados quantitativos sobre as modalidades de ingresso e o acesso à política de ação afirmativa nesses programas, tendo em vista a Resolução dessa instituição sobre políticas de cotas para os cursos de pós-graduação. Mesmo com a instrução normativa interna, ainda observamos um percentual de mais de 70% de estudantes brancos ocupando os programas de pós-graduação no ano de 2022, bem como lacunas no que se refere à obrigatoriedade da comissão de heteroidentificação na seleção e dúvidas sobre o acesso e permanência de estudantes cotistas junto aos diferentes programas nesta instituição de ensino superior.Referências
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