Prisionalização em tempos de Covid: uma perspectiva necropolítica

Autores

Palavras-chave:

necropolítica, prisões, covid-19, política

Resumo

O presente artigo tem como temática central as ações do Estado brasileiro de controle (ou não) frente as vulnerabilidades enfrentadas pela população carcerária diante da pandemia de Covid-19. A pergunta-problema que guia a escrita é a seguinte: quais as consequências das medidas tomadas pelo Estado no cárcere em relação ao Covid? Toma-se como objeto as prisões transformadas em contêineres no Brasil e o recorte racial. Através de pesquisa teórico bibliográfica, utilizando a teoria de Michel Foucault e sua caixa de ferramentas, bem como a visão de Achille Mbembe sobre a necropolítica, concluiu-se que que as prisões brasileiras são a canalização dos campos de morte da necropolítica estatal, seja pela ausência de regulamentação ou recomendação do governo, seja pela utilização de prisões-contêineres para isolar presos contaminados ou de grupos de risco.

Biografia do Autor

Fernando Vechi, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul; Universidade do Estado do Mato Grosso, Pontes e Lacerda, Mato Grosso, Brasil

Professor de Criminologia, Direito Penal V e Antropologia Jurídica na Universidade do Estado do Mato Grosso (UNEMAT) Campus Pontes e Lacerda. Advogado (OAB SC/56.663). Bacharel em Direito pela Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC). Mestre e doutorando em Ciências Criminais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul -PUCRS (Bolsista CAPES)

Referências

AGAMBEN, Giorgio. Estado de exceção. Trad. Iraci D. Poleti. 2. ed. São Paulo: Boitempo, 2007.

BARATTA, Alessandro. Criminologia Crítica e Crítica do Direito Penal: Introdução a Sociologia do Direito Penal. Tradução Juarez Cirino dos Santos. 3. ed. Rio de Janeiro: Revan; Instituto Carioca de Criminologia, 2002.

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Recomendação n. 62, de 17 de março de 2020. Disponível em: https://www.cnj.jus.br/wp-content/uploads/2020/03/62-Recomenda%C3%A7%C3%A3o.pdf. Acesso em: 04 maio 2020.

DEPARTAMENTO PENITENCIÁRIO NACIONAL. Sistema de Informações do Departamento Penitenciário Nacional - SISDEPEN. Jul.-dez. 2019. Disponível em: http://depen.gov.br/DEPEN/depen/sisdepen/infopen/relatorios-analiticos/br/br. Acesso em: 24 abr. 2020.

DEPARTAMENTO PENITENCIÁRIO NACIONAL. Depen apresenta ao CNPCP soluções provisórias de engenharia no combate à COVID-19. 2020. Disponível em: http://depen.gov.br/DEPEN/noticias-1/noticias/depen-apresenta-ao-cnpcp-solucoes-provisorias-de-engenharia-no-combate-a-covid-19. Acesso em: 26 abr. 2020.

FOUCAULT, M. Em Defesa da Sociedade. São Paulo: Editora Martins Fontes, 2010.

FOUCAULT, M. Vigiar e Punir. São Paulo: Vozes, 1999.

FOLHA. Com mortes por coronavírus, Ministério da Justiça quer vagas para presos doentes e idosos em contêineres. 2020. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2020/04/com-mortes-por-coronavirus-ministerio-da-justica-quer-vagas-para-presos-doentes-e-idosos-em-conteineres.shtml. Acesso em 17 dez. 2020.

G1 GLOBO. Primeiro caso confirmado de Covid-19 no Brasil ocorreu em SP e completa seis meses nesta quarta. 2020. Disponível em: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2020/08/26/primeiro-caso-confirmado-de-covid-19-no-brasil-ocorreu-em-sp-e-completa-seis-meses-nesta-quarta.ghtml. Acesso em 12 de ago. 2020.

GRAU, E.R. Por que tenho medo dos juízes. 6. ed. São Paulo, Malheiros, 2013.

HARDT, M. & NEGRI, A. A produção biopolítica. Tramas da rede: novas dimensões filosóficas, estéticas e políticas da comunicação. Porto Alegre: Sulinas, 2013.

IPEA. Atlas da Violência 2018. Rio de Janeiro, jun. 2018. Disponível em: http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/relatorio_institucional/180604_atlas_da_violencia_2018.pdf. Acesso em: 05 maio 2020.

JUNIOR, Airto Chaves. O controle penal dos excedentes: as funções simbólicas do direito penal e a eficácia invertida quanto seus objetivos declarados. Revista Facultad de Derecho y Ciencias Políticas, v. 41, n. 114, p. 77-129, 2011.

LIMA, F. Vidas pretas, processos de subjetivação e sofrimento psíquico: Sobre viveres, feminismo, interseccionalidades e mulheres negras. In: PEREIRA, M. O.; GOUVEA, R. (orgs.). Luta manicomial e feminismos: Discussões de gênero, raça e classe para a reforma psiquiátrica brasileira. Rio de Janeiro, RJ: Autografia, 2017.p. 70-85.

MBEMBE, Achille. Crítica da razão negra. Lisboa: Antígona, 2014.

MBEMBE, Achille. Necropolítica: biopoder, soberania, estado de exceção, política da morte. São Paulo: n-1 edições, 2018.

VELASCO, Clara. Brasil tem 338 encarcerados a cada 100 mil habitantes; taxa coloca país na 26ª posição do mundo. G1, 19 fev. 2020. Disponível em: https://g1.globo.com/monitor-da-violencia/noticia/2020/02/19/brasil-tem-338-encarcerados-a-cada-100-mil-habitantes-taxa-coloca-pais-na-26a-posicao-do-mundo.ghtml. Acesso em: 24 abr. 2020.

WHO. WHO announces COVID-19 outbreak a pandemic. 2020. Disponível em: https://www.euro.who.int/en/health-topics/health-emergencies/coronavirus-covid-19/news/news/2020/3/who-announces-covid-19-outbreak-a-pandemic. Acesso em 12 dez. 2020.

Downloads

Publicado

2021-08-27

Como Citar

Vechi, F. (2021). Prisionalização em tempos de Covid: uma perspectiva necropolítica. aptura Críptica: reito, política, tualidade, 9(1), 47–55. ecuperado de https://ojs.sites.ufsc.br/index.php/capturacriptica/article/view/4148

Edição

Seção

Dossiê