SOBRE AS RELAÇÕES CAPITALISTAS DE EXCEÇÃO: LENDO AGAMBEN ATRAVÉS DE MARX / ON CAPITALIST RELATIONS OF EXCEPTION: READING AGAMBEN THROUGH MARX
Palavras-chave:
Karl Marx, Giorgio Agamben, acumulação primitiva, estado de exceção, violênciaResumo
Resumo: O presente artigo é uma tentativa de ler juntos Karl Marx e Giorgio Agamben, com o propósito de delimitar alguns aspectos do capitalismo contemporâneo. Para tanto, focamos naquilo que Agamben descreve como uma “relação de exceção” – isto é, uma forma específica de inclusão através de uma exclusão – para demonstrar como essa estrutura se repete na relação entre acumulação capitalista e sua “exceção”, a assim chamada acumulação primitiva e outras formas de violência estatal. Violência estatal e acumulação primitiva não seguem a lógica da acumulação capitalista comum. Enquanto esta é baseada no contrato entre cidadãos livres e iguais para produzir o mais-valor, a primeira é baseada em ilegalidade, violência, expropriação e arbitrariedade. Seria idílico, contudo, propor que tais elementos brutais não pertencem à sociedade capitalista, ou que são antagônicos a esta. A exceção – longe de ser algo que pontualmente interrompe uma ordem e prontamente desaparece – revela radicalmente a constituição e operação de tal ordem. Além disso, o capitalismo demanda medidas excepcionais para lidar com suas próprias contradições, especialmente com uma população excedente relativa que não pode ser integrada ao sistema e segue sendo capturada nas formas contemporâneas de campo.
Palavras-chave: Karl Marx; Giorgio Agamben; acumulação primitiva; estado de exceção; violência.
Abstract: The present essay is an attempt to read Karl Marx and Giorgio Agamben together with the purpose of grasping some aspects of contemporary capitalism. Thus, we focus on what Agamben describes as a ‘relation of exception’ – i.e. a specific form of inclusion through an exclusion – to demonstrate how this structure repeats itself on the relation between capitalist accumulation and its ‘exceptions’ as the so-called primitive accumulation and other forms of State violence. State violence and primitive accumulation do not follow the logic of capitalist regular accumulation. While the latter is based on the contract between equally free citizens to produce the surplus-value, the former are based on illegality, violence, expropriation, and arbitrariness. But it would be idyllic to propose that such brutal elements do not belong in capitalist society, or that they are antagonistic in relation to it. The exception – far from being something that punctually interrupts an order and promptly disappears – radically reveals the constitution and operation of such order. Furthermore, capitalism demand exceptional measures to deal with its own contradictions, specially a relative surplus population that cannot be integrated in the system and keep being captured in contemporary forms of the camp.
Key words: Karl Marx; Giorgio Agamben; primitive accumulation; state of exception; violence.
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