Racismos institucionais e invisibilidades da história e patrimônio cultural afrodescendente em cidades de colonização predominantemente alemã

Autores

Palavras-chave:

Racismo Institucional, Patrimônio Cultural Afrodescendente, Colonização Germânica

Resumo

O presente trabalho tem como objetivo fazer uma análise dos racismos institucionais e processos de invisibilização da história e patrimônio cultural afrodescendente em cidades de colonização predominantemente germânica. O recorte territorial utilizado será a antiga região designada como sendo a Feitoria do Linho Cânhamo, que compreendia em grande medidaaos limites superficiais do então município originário de São Leopoldo e das cidades que se emanciparam do mesmo (região designada como sendo o Vale do Rio dos Sinos e Encosta da Serra Gaúcha / RS). O recorte histórico utilizado se detém em três perspectivas de análise. O primeiro recorte abrange a negação da história negra junto a Feitoria do Linho Cânhamo, quando instituições públicas dos municípios do Vale do Rio dos Sinos e Encosta da Serra muitas vezes invisibilizam as presenças, as permanências e os legados do patrimônio cultural afrodescendente em tais cidades. O segundo recorte abrange as relações interétnicas, igualmente invisibilizadas, entre escravos, forros e mestiços - que permaneceram ou foram trazidos para a antiga Feitoria do Linho Cânhamo, já então “Colônia Germânica de São Leopoldo” - com os imigrantes germânicos que colonizaram a mesma região. Por fim, elencamos os racismos institucionais, principalmente em esferas municipais públicas, que invisibilizam a presença histórica e patrimonial afrodescendente em seus portais institucionais.

Biografia do Autor

Jean Jeison Führ, Universidade Feevale, Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul, Brasil

Mestre licenciado em Ciências Sociais pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS); Sociólogo graduado bacharel em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Especialista pós-graduado em Saúde Pública (AVM Faculdades Integradas). Graduando em Ciências Jurídicas – Direito pela Universidade Feevale. Assessor Administrativo - funcionário público do município de Nova Hartz - RS.

Quésia Katúscia Gasaparetto, Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo, Rio Grande do Sul, Brasil

Mestra em História pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS); Licenciada em História pela Universidade Feevale. Especialista em Metodologia do Ensino de História e Geografia pelo Centro Universitário Internacional (UNINTER). Historiadora da Fundação Ernesto Frederico Scheffel do município de Novo Hamburgo – RS (período 2010-2022). Professora da rede estadual de ensino do Rio Grande do Sul.

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Publicado

2023-06-30

Como Citar

Führ, J. J., & Gasaparetto, Q. K. (2023). Racismos institucionais e invisibilidades da história e patrimônio cultural afrodescendente em cidades de colonização predominantemente alemã. aptura Críptica: reito, política, tualidade, 12(1), 125–155. ecuperado de https://ojs.sites.ufsc.br/index.php/capturacriptica/article/view/5874