Racismos institucionais e invisibilidades da história e patrimônio cultural afrodescendente em cidades de colonização predominantemente alemã
Palavras-chave:
Racismo Institucional, Patrimônio Cultural Afrodescendente, Colonização GermânicaResumo
O presente trabalho tem como objetivo fazer uma análise dos racismos institucionais e processos de invisibilização da história e patrimônio cultural afrodescendente em cidades de colonização predominantemente germânica. O recorte territorial utilizado será a antiga região designada como sendo a Feitoria do Linho Cânhamo, que compreendia em grande medidaaos limites superficiais do então município originário de São Leopoldo e das cidades que se emanciparam do mesmo (região designada como sendo o Vale do Rio dos Sinos e Encosta da Serra Gaúcha / RS). O recorte histórico utilizado se detém em três perspectivas de análise. O primeiro recorte abrange a negação da história negra junto a Feitoria do Linho Cânhamo, quando instituições públicas dos municípios do Vale do Rio dos Sinos e Encosta da Serra muitas vezes invisibilizam as presenças, as permanências e os legados do patrimônio cultural afrodescendente em tais cidades. O segundo recorte abrange as relações interétnicas, igualmente invisibilizadas, entre escravos, forros e mestiços - que permaneceram ou foram trazidos para a antiga Feitoria do Linho Cânhamo, já então “Colônia Germânica de São Leopoldo” - com os imigrantes germânicos que colonizaram a mesma região. Por fim, elencamos os racismos institucionais, principalmente em esferas municipais públicas, que invisibilizam a presença histórica e patrimonial afrodescendente em seus portais institucionais.
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