“Um olhar decolonial para a loucura”: escritos africanos
Palavras-chave:
Loucura, Decolonialidade, Obras AfricanasResumo
O eurocentrismo segue deslegitimando outras epistemologias ao impor como o único saber verdadeiro aquele produzido no chamado ocidente, com pretensão de universalidade. E quanto aos saberes não ocidentais? Por que eles não são válidos? Há uma tentativa de apagamento de outras existências, fruto da relação de poder construída histórica e hierarquicamente com povos não ocidentais, a chamada colonialidade. Essa prática racista, além de produzir patologias, se insere na própria lógica patologizante, a qual procura ditar o que é normal ou não, e que, a partir de um olhar decolonial, se mostra ineficaz, pois no âmbito da saúde mental esse modelo científico dualista-racionalista ocidental não só é insuficiente, mas prejudicial, por desconsiderar o contexto social/político/econômico do indivíduo. Sendo assim, objetivamos compreender o que é o sofrimento psíquico para povos africanos a partir da perspectiva decolonial. Realizamos um levantamento bibliográfico de artigos publicados desde o ano de 2016. Com a leitura dos resumos, selecionamos 5 artigos. Apesar da ausência de produções científicas a respeito de compreensões do sofrimento psíquico para povos africanos, obtivemos como resultado o início de uma compreensão a partir da literatura africana, a partir do livro “As Alegrias da Maternidade” de Buchi Emecheta, escritora nigeriana de etnia igbo, que, no contexto do colonialismo, expressa a relação do sofrimento psíquico com a ancestralidade africana.
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