Análise crítica sobre a internação compulsória e os efeitos da medicalização por meio de um caso de esquizofrenia ilustrado no filme Uma Mente Brilhante
Resumo
Embora a internação compulsória tenha sido combatida pela reforma psiquiátrica brasileira,ela ainda é utilizada como uma opção de tratamento para pessoas que recebem diagnóstico de
esquizofrenia e outros transtornos mentais, principalmente quando estão em momentos de
crise. Porém, esse tratamento pode vir acompanhado de desrespeito aos direitos e vontades do
indivíduo que está sendo internado. Portanto, a elaboração deste artigo buscou analisar
elementos relacionados à internação compulsória. A análise objetivou compreender quais são
os efeitos da medicalização e a relação dos profissionais de saúde, nesse contexto direcionado
ao indivíduo internado compulsoriamente. Para isso, foi realizada uma observação analítica
do filme “Uma Mente Brilhante” (2001) que ilustra o caso de John Nash, matemático
brilhante diagnosticado com esquizofrenia e internado compulsoriamente devido às suas
alucinações. A metodologia escolhida foi a abordagem qualitativa de análise de conteúdo
com categorias de comportamento por meio da observação e descrição de algumas cenas do
filme, que foram sintetizadas em duas categorias de comportamento, articulando com estudos
selecionados e traçando um paralelo com o filme. Por meio da análise realizada, constata-se
que o filme retrata bem a condição precária a que são submetidas as pessoas internadas contra
a sua vontade. É possível concluir que a internação compulsória, muitas vezes, oferece um
tratamento de viés coercitivo baseado na medicalização e no isolamento do indivíduo,
podendo agravar ainda mais o sofrimento psíquico.
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