Análise crítica sobre a internação compulsória e os efeitos da medicalização por meio de um caso de esquizofrenia ilustrado no filme Uma Mente Brilhante

Autores

  • Bruna Sievert Nunes Antoniazzi Universidade Federal de Santa Catarina
  • Catarina Silvestri Simon Universidade Federal de Santa Catarina
  • Daniel Schmidt Da Silva Goulart Universidade Federal de Santa Catarina
  • Patrícia De Sousa Rosa Margotti Universidade Federal de Santa Catarina
  • Sara Cristina Chiamolera Universidade Federal de Santa Catarina

Resumo

Embora a internação compulsória tenha sido combatida pela reforma psiquiátrica brasileira,
ela ainda é utilizada como uma opção de tratamento para pessoas que recebem diagnóstico de
esquizofrenia e outros transtornos mentais, principalmente quando estão em momentos de
crise. Porém, esse tratamento pode vir acompanhado de desrespeito aos direitos e vontades do
indivíduo que está sendo internado. Portanto, a elaboração deste artigo buscou analisar
elementos relacionados à internação compulsória. A análise objetivou compreender quais são
os efeitos da medicalização e a relação dos profissionais de saúde, nesse contexto direcionado
ao indivíduo internado compulsoriamente. Para isso, foi realizada uma observação analítica
do filme “Uma Mente Brilhante” (2001) que ilustra o caso de John Nash, matemático
brilhante diagnosticado com esquizofrenia e internado compulsoriamente devido às suas
alucinações. A metodologia escolhida foi a abordagem qualitativa de análise de conteúdo
com categorias de comportamento por meio da observação e descrição de algumas cenas do
filme, que foram sintetizadas em duas categorias de comportamento, articulando com estudos
selecionados e traçando um paralelo com o filme. Por meio da análise realizada, constata-se
que o filme retrata bem a condição precária a que são submetidas as pessoas internadas contra
a sua vontade. É possível concluir que a internação compulsória, muitas vezes, oferece um
tratamento de viés coercitivo baseado na medicalização e no isolamento do indivíduo,
podendo agravar ainda mais o sofrimento psíquico.

Biografia do Autor

Bruna Sievert Nunes Antoniazzi, Universidade Federal de Santa Catarina

Departamento de Psicologia

Catarina Silvestri Simon, Universidade Federal de Santa Catarina

Departamento de Psicologia

Daniel Schmidt Da Silva Goulart, Universidade Federal de Santa Catarina

Departamento de Psicologia

Patrícia De Sousa Rosa Margotti, Universidade Federal de Santa Catarina

Departamento de Psicologia

Sara Cristina Chiamolera, Universidade Federal de Santa Catarina

Departamento de Psicologia

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Publicado

2021-07-14