Corpo território

o conhecimento ancestral resistindo angao tempo, a história e a memória da mulher Kaing

Autores

  • Adriana Aparecida Belino Padilha de Biazi Universidade Federal de Santa Catarina
  • Jandaíra Belino Padilha Unochapecó

Palavras-chave:

Mulher kaingang, saberes tradicionais, ancestralidade, educação tradicional

Resumo

No contexto dos saberes tradicionais indígena, a educação tradicional está conectada com muitos elementos presentes na cultura Kaingang, também é vista como uma ponte que leva ao caminho da ancestralidade. A transformação do corpo e espírito da mulher Kaingang, passa por muitas transformações que estão ligadas ao território, são muitos exemplos que podem ser explanados sobre a história e a memória da mulher Kaingang Antoninha Belino Padilha. A ancestralidade dos saberes tradicionais envolve a oralidade e memória na educação tradicional, que podem ser explorados através dos espaços de conhecimentos dentro do território tradicional Kaingang, sejam nos espaços físicos ou nos espaços envolvendo a mata, os animais e as plantas. O ponto chave é a educação tradicional, educar desde cedo as crianças indígenas com conhecimentos múltiplos, desde a subjetividade até a coletividade. A educação tradicional envolve o corpo e o espírito interligados a espaços territoriais que podem ativar a memória de saberes chamados dos troncos velhos, onde há muito conhecimento histórico do povo Kaingang da Terra Indígena Xapecó. O aprendizado pode ser adquirido através da dança, do movimento do corpo, dos cantos, do ouvir e escutar os mais velhos Kófas, do silêncio, da mata e dos elementos que envolvem a nossa cosmologia que a prática está inserida. O conhecimento ancestral rege os saberes das crenças, mitologias, história, cultura e tradição; atravessa o tempo a partir da memória e dos lugares de memória que resistem ao tempo. A educação tradicional indígena envolve muitos elementos da cultura do povo Kaingang, da memória dos nossos Kófas e a forma de transmitir esse saber milenar ancestral. Já a educação escolar indígena é nova na história dos povos indígenas, tendo em vista os processos de contato com a colonização do Brasil. Sendo que a educação escolar indígena já passou por muitos modelos que foram implantados dentro das terras indígenas, com muita luta dos nossos Kófas e da nossa ancestralidade, conquistamos uma educação escolar indígena, bilíngue e diferenciada e ainda lutamos dia-a-dia para que possa ser cumprida a lei dentro das nossas escolas, mesmo havendo obstáculos a serem vencidos, a educação escolar e a educação tradicional indígena caminha juntas neste caminho de luta e resistência dos povos indígenas. 

Biografia do Autor

Adriana Aparecida Belino Padilha de Biazi, Universidade Federal de Santa Catarina

Doutoranda em História Global (PPGH) da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC e bolsista CAPES. Integra o Laboratório de História Indígena – LABHIN. E-mail: drikabiazi51@hotmail.com

Jandaíra Belino Padilha, Unochapecó

Graduanda no curso de Licenciatura Intercultural Indígena, na área de formação em Pedagogia, na UNOCHAPECÓ. Atualmente trabalha como professora orientadora na E. I. E. F Paiol de Barro da Terra Indígena Xapecó/SC. E-mail: jandairabelinopadilha@gmail.com

Referências

BORBA, Telêmaco. Actualidade indígena: Typ e Lytog. Coritiba: A Vapor Impressora Paranaense.

BIAZI, Adriana Aparecida Belino Padilha De; ERCIGO, Terezinha Guerreiro. A formação do kujá e

a relação com seus guias espirituais na Terra Indígena Xapecó/SC. Trabalho de conclusão de

curso (Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica). Florianópolis: UFSC. 2014.

BIAZI, Adriana Aparecida Belino Padilha De. Espiritualidade e conhecimentos da mata na

formação dos especialistas de cura Kaingang da Terra Indígena Xapecó/SC. Dissertação de

Mestrado em Antropologia Social. Florianópolis: PPGAS/UFSC. 2017.

BIAZI, Adriana Aparecida Belino Padilha De. Os especialistas Kaingang e sua relação com o

território tradicional envolvendo suas práticas de cura e de formação espiritual. X Encontro Regional

Sul de História Oral (UFPR), Curitiba, 2019. Anais do X Encontro Regional Sul de História

Oral, 2019. ISSN 2318-6895.

BIAZI, Adriana A B P de. O LUGAR DA MEMÓRIA NA MITOLOGIA E A RELAÇÃO COM

OS RITUAIS KAINGANG DA TERRA INDÍGENA XAPECÓ/SC. In: Semana Acadêmica de

História (UDESC), Florianópolis, 2019. Anais Semana Acadêmica de História, 2019.

BUBA, Nathan Marcos. ADORADORES DE JOÃO MARIA ENTRE OS KAINGANG O

sincretismo com as tradições indígenas e os locais sagrados na Terra Indígena Xapecó/SC.

Trabalho de conclusão de curso de graduação em História. Florianópolis: UFSC. 2017.

BUBA, Nathan Marcos. UMA TERRA INDÍGENA ENCANTADA: RESSIGNIFICAÇÃO DAS

PRÁTICAS RELIGIOSAS EM NOME DE SÃO JOÃO MARIA ENTRE OS KAINGANG DO

XAPECÓ/SC. Dissertação (mestrado) – Programa de pós-graduação em História, Universidade

Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2020

GHIGGI JUNIOR, Ari. Uma abordagem relacional da atenção à saúde a partir da Terra Indígena

Xapecó. Tese de Doutorado em Antropologia Social. Florianópolis: UFSC. 2015.

INÁCIO, Carina; NÉRIS, Sirlene Jagniri. A ORALIDADE COMO PROTAGONISTA NAS

NARRATIVAS INDÍGENAS DA T.I. XAPECÓ - ALDEIA SEDE. Trabalho de Conclusão de

Curso em: Licenciatura Intercultural Indígena - Línguas, Artes e Literaturas. UNOCHAPECÓ. Ipuaçu

- SC, nov 2018.

NIMUENDAJÚ, Curt. Notas sobre a organização religiosa e social dos índios Kaingang, abril, 2013.

in: NIMUENDAJÚ, Curt; GONÇALVES, Marco Antônio (org.). Etnografia e indigenismo: Sobre os

Kaingang, os Ofaié-Xavante e os índios do Pará. Pps.: 57-66. Campinas: Editora da UNICAMP. 1993.

NÖTZOLD, Ana Lúcia Vulfe; MANFROI, Ninarosa Mozzato da Silva. Professor Felicíssimo Belino

e a primeira elicíssimo Belino e a primeira escola para os Kaingáng: a memória compondo a

história e a história registrando a memória. Cadernos do CEOM – V. 21, n. 28 - Memória, História

e Educação. Ed. Argos, Chapecó, 2008.

NÖTZOLD, Ana Lúcia Vulfe e MANFROI, Ninarosa. Ouvir memórias, contar histórias: Mitos e

lendas Kaingáng. Santa Maria: Ed Pallotti. 2006.

NÖTZOLD, Ana Lúcia Vulfe, ROSA, Helena. Alpini, BRINGMANN, Sandor. Fernando.

Etnohistória, história indígena e educação: Contribuições ao debate. Porto Alegre: Ed Pallotti.

NÖTZOLD, Ana Lúcia Vulfe; ROSA, Helena Alpini. História e cultura Kaingáng: Escola Indígena

de Educação Básica Cacique Vanhkrê. Florianópolis: Pandion, 2011.

NÖTZOLD, Ana Lúcia Vulfe, BRINGMANN, Sandor Fernando. Apostila de Metodologia da

Pesquisa I (cópia mimeografada). Florianópolis: UFSC. 2011.

PINHEIRO, Valdemir. INFÂNCIA KAINGANG NA TERRA INDIGENA XAPECÓ- SC: Saber e

Aprender. Trabalho de conclusão de curso (Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata

Atlântica). Florianópolis: UFSC. 2015.

ROSA, Rogério Reus Gonçalves da. "Os kujà são diferentes": Um estudo etnológico do complexo

xamânico dos Kaingang da terra indígena Votouro. Tese de Doutorado em Antropologia Social.

Porto Alegre: PPGAS/UFRGS. 2005.

ZANIN, Nauíra Zanardo; DILL, Fernanda Machado. EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA

MANIFESTADA EM INTERVENÇÃO ARQUITETÔNICA: REFLEXÕES A PARTIR DE

UMA ESCOLA KAINGANG. In: XVI Encontro Estadual de História da ANPUH-SC. 2016.

Chapecó. Anais eletrônicos. Chapecó: ISSN: 2316-1035. 2016.

Downloads

Publicado

2021-12-01

Como Citar

BIAZI, . A. B. P. de; PADILHA, . B. Corpo território: o conhecimento ancestral resistindo angao tempo, a história e a memória da mulher Kaing. Cadernos NAUI, [S. l.], v. 10, n. 19, p. 198–221, 2021. Disponível em: https://ojs.sites.ufsc.br/index.php/naui/article/view/6508. Acesso em: 12 mar. 2025.

Edição

Seção

Dossiê Temático