Construtores da modernidade. Imigração, nacionalismo e regulamentação profissional
o caso de Rio do Sul/SC
Palavras-chave:
Regiões de imigração, Profissionais construtores, Historiografia da arquitetura moderna brasileira, Rio do SulResumo
O município de Rio do Sul exemplifica o desenvolvimento de uma modernidade impulsionada especialmente por profissionais construtores imigrantes provenientes de países de língua alemã e da Itália, entre o final do século XIX e início do século XX. Entretanto, a historiografia da arquitetura moderna brasileira desconsidera as contribuições desses imigrantes e descendentes, cuja atuação é expressiva, seja de forma autônoma ou em cargos públicos. Muitos deles chegam por meio de empresas estrangeiras, formam redes de sociabilidade baseadas na língua e cultura de origem, contratando-se mutuamente devido à falta de mão de obra local qualificada. Embora os anos 1930 sejam marcados por políticas nacionalistas e por regulamentações profissionais que restringiram a atuação e marginalizaram tais profissionais, eles continuaram a atuar de forma significativa, construindo grandes obras de infraestrutura e uma modernidade que não foi registrada pela historiografia oficial da arquitetura brasileira, apesar de sua contribuição essencial ao campo disciplinar e no desenvolvimento urbano das regiões de imigração.
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