Retomadas do território ancestral, reterritorialização e cosmopolítica indígena Mbyá-guarani

Autores

  • João Maurício Farias Universidade Federal do Rio Grande do Norte
  • João Mitia Antunha Universidade do Estado de Santa Catarina
  • Orivaldo Nunes Jr. Universidade do Estado de Santa Catarina

Palavras-chave:

Território indígena, retomadas, necropolítica, produção de subjetividade, reexistência

Resumo

A territorialização dos colonizadores/invasores, portugueses e espanhóis, sobre os territórios indígenas, em especial dos Mbyá-Guarani, seguiu práticas jurídico/políticas de apropriação, ordenamento e nominação conforme os estágios da formação dos Estados destes mesmos invasores. Primeiramente, o ordenamento das terras foi estabelecido pelas normas Christianas e posteriormente a normatização foi a das Respublicas. Tais modos de apropriação e nominação das terras seguem até o século XXI sem que o Estado brasileiro atenda por completo os direitos dos povos indígenas a sua territorialidade, mesmo que formalmente os reconheça em suas legislações, a exemplo da Constituição de 1988. De outra parte, as denominadas “retomadas” no Território Ancestral Mbyá-Guarani (Yvyrupá) podem ser percebidas como movimentos de reativação das práticas tradicionais de reterritorialização Mbyá-Guarani e colocam-se, também, como práticas de re-existência e de produção do modo de vida deste povo (Nhanderekó). Dentre elas, trataremos sobre as experiências das retomadas na parte do território que fica no Estado do Rio Grande do Sul, no sul do Brasil, mais especificamente nos municípios de Maquiné, Terra de Areia e Porto Alegre. Tendo como instrumentos para analisá-las conceitos da Filosofia da Diferença como: acontecimento, produção de subjetividade e reclaim, assim como necropolítica e cosmopolítica e, ainda, trabalharemos com conceitos êmicos dos Mbyá-Guarani como Guatá.

Biografia do Autor

João Maurício Farias, Universidade Federal do Rio Grande do Norte

João Maurício Farias: Indigenista, Cientista Social, Mestre e Doutorando em Psicologia Social e InstitucionalUFRGS. Email: jmafarias@hotmail.com

João Mitia Antunha, Universidade do Estado de Santa Catarina

João Mitia Antunha Barbosa: Indigenista Especializado na FUNAI, Pós-Doutor em Política Indigenista pelo Grupo de Pesquisa em Antropologia Jurídica no PPG em Direito na UFSC, Doutor em Direito pela USP e pela Université d’Angers/França, Pesquisador do Programa de Planejamento Territorial e Desenvolvimento Socioambiental – PPGPLAN UDESC. Email: mitiaantunha@hotmail.com

Orivaldo Nunes Jr., Universidade do Estado de Santa Catarina

Orivaldo Nunes Jr.: Indigenista, Filósofo CFH-UFSC, Mestre em Educação e Comunicação-CEDUFSC, Doutorando em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Socioambiental - UDESC. Email: nunonunes3@gmail.com

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Publicado

2021-12-01

Como Citar

FARIAS, . M. .; ANTUNHA, . M.; NUNES JR., . Retomadas do território ancestral, reterritorialização e cosmopolítica indígena Mbyá-guarani. Cadernos NAUI, [S. l.], v. 10, n. 19, p. 62–83, 2021. Disponível em: https://ojs.sites.ufsc.br/index.php/naui/article/view/6500. Acesso em: 20 abr. 2025.

Edição

Seção

Dossiê Temático