Patrimônio cultural afro-brasileiro e o registro de bens imateriais

alcances e limitações

Autores

  • Alessandra Rodrigues Lima

Palavras-chave:

Patrimônio cultural, patrimônio cultural afro-brasileiro, culturas negras

Resumo

Sob um olhar em perspectiva para a relação entre o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e o Patrimônio Cultural Afro-brasileiro, o objetivo deste texto é promover uma reflexão que nos permita compreender em que medida o Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial (IPHAN, 2000) contribui para a valorização do Patrimônio Cultural Afrobrasileiro nos últimos 20 anos. A partir da análise dos processos de registro do Ofício das Baianas de Acarajé (IPHAN, 2004) e da Capoeira como Patrimônio Cultural do Brasil (IPHAN, 2008), identificamos as narrativas construídas pela patrimonialização desses bens culturais e as consequentes práticas da inserção desses bens no patrimônio cultural nacional. As considerações aqui apresentadas fazem referência a um exercício importante de reflexão a respeito dos impactos da política pública de patrimônio imaterial sobre os processos de valorização e de reconhecimento das formas de expressão, e dos saberes e das celebrações criados e transmitidos de geração em geração pelas populações afro-brasileiras. Mesmo sinalizando avanços desse instrumento jurídico na valorização das referências culturais negras, frisamos ainda haver limitações decorrentes da dissociação das políticas patrimoniais de uma discussão mais ampla sobre racismo, considerando-se, sobretudo, seus mecanismos de exclusão, de extermínio, de criminalização e de invisibilização tanto de pessoas negras quanto de suas formas de realização cultural

Biografia do Autor

Alessandra Rodrigues Lima

Alessandra Rodrigues Lima é historiadora, especialista em História da África e dos Afro-brasileiros pela Universidade de Brasília – UnB. Mestre em Preservação do Patrimônio Cultural pelo Programa de Mestrado Profissionalizante em Preservação do Patrimônio Cultural – MP/PEP, oferecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN. E-mail: ale.azeviche@gmail.com

Referências

BHABHA, Homi. O Local da Cultura. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 1998.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF, out. 1988.

Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 10

jun. 2020.

BRASIL. Diário Oficial da União de 26 de fevereiro de 1986. Brasília, DF, fev. 1986. Disponível em:

http://www.jusbrasil.com.br/diarios/3218039/pg-24-secao-1-diario-oficial-da-uniao-dou-de-26-2-

Acesso em: 10 jun. 2020.

CARVALHO, José Jorge. Metamorfoses das tradições performáticas afro-brasileiras: de

patrimônio cultural a indústria do entretenimento. Celebrações e Saberes da Cultura Popular, p. 65-

Rio de Janeiro: Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular/IPHAN, Série Encontros e

Estudos,2004.

CORRÊA, Alexandre Fernandes. Museu Mefistofélico: o significado cultural da Coleção de Magia

Negra do Rio de janeiro, primeiro patrimônio etnográfico do Brasil (1938). Ciências Humanas em

Revista, v. 4, n. 2, 2006.

FONSECA, Maria Cecília Londres. O Patrimônio em processo: trajetória da política federal da

preservação no Brasil. Rio de Janeiro: Editora UFRJ/Minc-Iphan, 2005.

FONSECA, Maria Cecília Londres. Para além da pedra e cal: por uma concepção ampla de

patrimônio cultural. CHAGAS, Mário; ABREU, Regina (Orgs.). Memória e Patrimônio: ensaios

contemporâneos. Rio de Janeiro: Lamparina editora, 2009.

GONÇALVES, José Reginaldo Santos. Retórica da Perda: os discursos do patrimônio cultural no

Brasil. Rio de Janeiro: Editora UFRJ/Iphan, 2002.

IPHAN. Decreto n. 3.551, de 4 de agosto de 2000. Institui o Registro de Bens Culturais de Natureza

Imaterial que constituem patrimônio cultural brasileiro, cria o Programa Nacional do Patrimônio

Imaterial e dá outras providências. Brasília, DF, ago. 2000. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3551.htm. Acesso em: 8 mai. 2020.

IPHAN. Parecer n. 002/2004, ao processo n. 01450.008675/2004-01 – referente ao Registro do Ofício

das Baianas de Acarajé, a ser inscrito no Livro dos Saberes. Brasília: Ministério da Cultura/Instituto

do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, 2004. Disponível em:

http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Oficio_baianas_acaraje_parecer_DPI.pdf. Acesso

em: 13 ago. 2020.

IPHAN. O Registro do Patrimônio Imaterial: Dossiê final das atividades da Comissão e do Grupo de Trabalho Patrimônio Imaterial. 4ª. ed. Brasília: Ministério da Cultura/Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, 2006. Disponível em:

http://portal.iphan.gov.br/uploads/publicacao/PatImaDiv_ORegistroPatrimonioImaterial_1Edicao_m.pdf. Acesso em: 13 ago. 2020.

IPHAN. Parecer n. 031/2008, ao processo n. 01450.002863/2006-80 – referente ao Registro da Capoeira como Patrimônio Cultural do Brasil. Brasília: Ministério da Cultura/Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, 2008. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Parecer%20Capoeira.pdf. Acesso em: 13 ago. 2020.

IPHAN. Dossiê de Candidatura da Serra da Barriga, Parte Mais Alcantilada – Quilombo dos Palmares a Patrimônio Cultural do MERCOSUL. São Carlos: Cubo, 2017. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Dossie_serra-da-barriga.pdf. Acesso em: 13 ago. 2020.

MAGGIE, Yvonne. O arsenal da macumba. Revista de História da Biblioteca Nacional, v. 1, n. 6, p.25-32, 2005.

NOGUEIRA, Antônio Gilberto Ramos. Diversidade e Sentidos do Patrimônio Cultural: uma proposta de leitura da trajetória de reconhecimento da cultura afro-brasileira como patrimônio nacional. Anos 90, v. 15, n. 27, p. 233-255, 2008.

RATTS, Alex; DAMASCENO, Adriane A. Participação Africana na Formação Cultural

Brasileira. Educação Africanidades Brasil. Brasília: SECAD/UnB, 2006.

UNESCO. Convenção para a Proteção do Patrimônio Mundial, Cultural e Natural. UNESCO, 1972.

Disponível em: http://whc.unesco.org/archive/convention-pt.pdf. Acesso em: 13 ago. 2020.

UNESCO. Recomendação sobre a Salvaguarda da Cultura Tradicional e Popular. UNESCO, 1989.

Disponível em: http://www.matrizpci.dgpc.pt/MatrizPCI.Web/File/DownLoadFile?idFicheiro=3069. Acesso em: 13 ago. 2020.

VELHO, Gilberto. Patrimônio, Negociação e Conflito. Mana, v. 12, n. 1, p. 237-248, 2006.

Downloads

Publicado

2020-12-01

Como Citar

LIMA, . R. Patrimônio cultural afro-brasileiro e o registro de bens imateriais: alcances e limitações. Cadernos NAUI, [S. l.], v. 9, n. 17, p. 39–59, 2020. Disponível em: https://ojs.sites.ufsc.br/index.php/naui/article/view/6472. Acesso em: 2 jan. 2025.

Edição

Seção

Dossiê Temático