Antropologia de afetos

sobre flores, curvas e cores da experiência de campo

Autores

  • Camila Sissa Antunes Universidade Comunitária da Região de Chapecó

Palavras-chave:

Etnografia, Periferia, Antropologia urbana, Experiência de campo

Resumo

Este artigo apresenta algumas reflexões desenvolvidas a partir da minha experiência de pesquisa de campo do doutorado, na perspectiva de problematizar a prática antropológica, especialmente nos contextos urbanos. A ótica que apresento aqui se desenvolve em torno de três temas, que metaforicamente denominei: curvas, flores e cores. As curvas definem os elementos que identificam a própria pesquisa em suas especificidades: geograficamente (periferias urbanas), epistemologicamente (com aporte teórico da antropologia) e relacionalmente (com mulheres). A partir deste desenho, apresento também as flores que encontrei no caminho (minhas interlocutoras), e é partir deste encontro que descrevo as formas como meu campo foi sendo transformado na escrita, através das cores das abordagens teóricas selecionadas para construir a experiência etnográfica e, concomitantemente, refletir sobre ela. Optamos por nos guiar pelas narrativas e discursividades das interlocutoras para construir as análises e apresentar as relevâncias do campo. Esta escolha está orientada, por um lado, pela opção de dar prioridade às práticas cotidianas e, por outro, a proposta de uma antropologia dialógica nos motivou a conceber maneiras de considerar os discursos e suas contextualizações como lugares preponderantes para a análise dos significados e experiências das interlocutoras da pesquisa, abordagem que ouso denominar de antropologia de afetos.

Biografia do Autor

Camila Sissa Antunes, Universidade Comunitária da Região de Chapecó

Doutora em antropologia social pelo PPGAS/UFSC (2015), mestre em antropologia social também pelo PPGAS/UFSC (2009), bacharel em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Santa Catarina (2007). Tem experiência na área de antropologia, com ênfase em Antropologia Urbana. Atualmente, é docente titular de antropologia da Universidade Comunitária da Região de Chapecó (UNOCHAPECÓ). É membro do Grupo de pesquisa Cidades: cultura, urbanização e desenvolvimento e também da Rede de Pesquisadores sobre Cidades Médias – RECIME e do NAUI (Dinâmicas Urbanas e Patrimônio Cultural – UFSC). Contato: camilasissa@unochapeco.edu.br

Referências

ABU-LUGHOD, Lila. Writing women’s worlds. Bedouin Stories. Berkeley and Los Angeles:

University of California Press, 2008.

AGIER, Michel. Antropologia da cidade: lugares, situações, movimentos. São Paulo: Editora Terceiro Nome, 2011.

BAKHTIN, Mikhail M. The dialogic imagination [1981]. Austin: University of Texas Press, 2008.

CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano: 1. Artes de fazer. Trad. Ephraim Ferreira

Alves. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994.

DELGADO, Manuel. Sociedades movedizas. Pasos hacia una antropología de las calles.

Barcelona: Anagrama, 2007.

GROSSI, Miriam Pillar. Identidade de gênero e sexualidade. s/d. Disponível em:

http://www.direito.mppr.mp.br/arquivos/File/GROSSIMiriam.pdf> Acesso em: 14 maio 2013

HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 3 ed. Rio de Janeiro: DP&A, 1999.

LATOUR, Bruno. Reassamblar lo social: una introducción a la teoria del actor-red. Buenos Aires: Manantial, 2008.

MAFFESOLI, Michel. O ritmo da vida: variações sobre o imaginário pós-moderno. Rio de

Janeiro: Record, 2007.

MAGNANI, José Guilherme Cantor. De perto e de dentro: notas para uma etnografia urbana. In: Rev. bras. Ci. Soc., São Paulo, v. 17, n. 49, Jun. 2002.

OLIVEN, Ruben George. A antropologia de grupos urbanos. 6. ed. Petrópolis, RJ : Vozes,

PEREIRA, Pedro Paulo Gomes. Violência, gênero e cotidiano: o trabalho de Veena Das. In: Cadernos Pagu (35), julho-dezembro de 2010, p. 357-369.

ROCHA, Ana Luiza Carvalho da; ECKERT, Cornelia. Premissas para o estudo da memória

coletiva no mundo urbano contemporâneo sob a ótica dos itinerários de grupos urbanos e suas formas de sociabilidade. In: Iluminuras: série de publicações eletrônicas do Banco de Imagens e Efeitos Visuais, LAS, PPGAS, IFCH e ILEA, UFRGS. Porto Alegre. n. 4, 2001.

STEWART, Kathleen. A space on the side of the road. Cultural poetics in an “Other” America. Princeton, New Jersey: Princeton University Press, 1996.

STRATHERN, Marilyn. O gênero da dádiva. Problemas com as mulheres e problemas com a sociedade melanésia. Campinas: Editora Unicamp, 2006.

VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. O nativo relativo. In: Mana, v. 8 (1), 2002.

WAGNER, Roy. A invenção da cultura. São Paulo: Cosac Naify, 2010.

Downloads

Publicado

2023-10-11

Como Citar

ANTUNES, . S. Antropologia de afetos: sobre flores, curvas e cores da experiência de campo. Cadernos NAUI, [S. l.], v. 4, n. 6, p. 1–19, 2023. Disponível em: https://ojs.sites.ufsc.br/index.php/naui/article/view/6320. Acesso em: 13 mar. 2025.

Edição

Seção

Artigos Livres

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)