Os impactos da depressão nas relações sociais do indivíduo depressivo e dele como ele mesmo a partir da produção cinematográfica “Melancolia”

Autores

  • Daniel Lucas Mendonça Universidade Federal de Santa Catarina
  • Vitor de Sena Moraes Universidade Federal de Santa Catarina

Resumo

Este artigo teve como objetivo investigar os impactos da depressão nas relações sociais do indivíduo depressivo e dele como ele mesmo. Ademais, dentre as especificidades deste objetivo encontram-se: caracterizar o desânimo como um sintoma da depressão e identificar os modos pelos quais a melancolia é manifestada. Em função desses objetivos, refletir-se-á sobre os estigmas sociais acerca do desânimo que acompanha a pessoa com depressão e também sobre as múltiplas perspectivas da melancolia enquanto uma  faceta da condição depressiva, que esvazia as razões de existir,  investigando-se a angústia na produção do comportamento melancólico. Para isso, uma densa literatura especializada no assunto, cujo viés predominante é o psicanalítico, foi atrelada ao filme “Melancolia” de Lars Von Trier para o desenvolvimento de análises e descrições que concernem a temática do artigo, sendo que as personagens do filme em destaque são: Justine e Claire. Nesse sentido, duas categorias de comportamento foram usadas para tal desígnio: Desânimo e Melancolia. Por fim, através do que foi analisado, conclui-se que a depressão é responsável por retirar os investimentos afetivos das relações sociais e do próprio self com o self, repercutindo, prejudicialmente, nas narrativas existenciais e nos discursos semânticos e relacionais da atualidade. Além disso, infere-se, também, que existem diferentes tipos de arranjos sociais que podem produzir a melancolia, assim como existem configurações familiares e laborais contemporâneas que estigmatizam o sujeito depressivo, isolando-o do universo social.  

Palavras-chave: desânimo; melancolia; estigmas; angústia.

Biografia do Autor

Daniel Lucas Mendonça, Universidade Federal de Santa Catarina

Departamento de Psicologia

Vitor de Sena Moraes, Universidade Federal de Santa Catarina

Departamento de Psicologia

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Publicado

2021-11-03