O metabolismo do capital e a operacionalização de nossos corpos: Uma análise a partir de Marx, Federici e Saffioti
Palavras-chave:
Corpo, capital, trabalho, opressõesResumo
O presente texto busca analisar como as opressões perpetradas sobre diferentes corpos se relacionam e são operacionalizadas a partir e em prol do funcionamento metabólico do capital. Para tal, partiremos da teoria do valor de Marx presente no livro I d’O Capital, onde ele expõe o que chamaremos de a dialética do corpóreo e do incorpóreo no movimento do valor, que requer, antes, o corpo individual cindido em sua capacidade de automediação, pela expropriação de terras, dos cercamentos, da colonização, para que o nosso próprio movimento metabólico, a nossa própria subsistência, dependa da mediação imposta pelo valor na forma Dinheiro. Ampliaremos a análise marxiana a partir do minucioso estudo de Silvia Federici em sua obra Calibã e a Bruxa (2017) acerca do processo de acumulação primitiva para o devir do capital, que envolveu uma política de terror para a disciplinarização e para uma divisão sexual e racial do trabalho; bem como pela obra A Mulher na Sociedade de Classes: Mito e Realidade (1967) de Heleieth Saffitoti que expõe as funcionalidades dessas opressões. A perspectiva do corpo nos permite desvelar as contradições e mecanismos de defesa do capital, e percebê-lo como a raiz dos problemas que oprimem de forma diversa os diferentes corpos.
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