O clima da liberdade: ecologia e política entre Bruno Latour e Axel Honneth
Mots-clés :
Liberdade social, Ecologia política, Democracia radicalRésumé
Diante da emergência de fenômenos regressivos nas democracias contemporâneas, governos autoritários vêm empregando plataformas de um populismo climático, uma espécie de ecopolítica reacionária, de modo a reforçar o negacionismo dos efeitos múltiplos da devastação ambiental e do aquecimento global. Pensando nos possíveis esquemas de orientação política engajados teoricamente contra as ofensivas multifacetadas da direita ecofascista, mobilizo para análise crítica desse fenômeno o recurso de duas perspectivas teóricas díspares: as filosofias e teorias sociais de Bruno Latour e Axel Honneth, que, embora divirjam na fundamentação ontológica, metodológica e política de suas respectivas teorizações, contribuem a partir de um diagnóstico da regressão democrática e ofensiva populista como sendo contrários a uma concepção de liberdade social proposta pelos autores. Tal chave heurística, como veremos, nos permite compreender criticamente os fenômenos de catástrofe ecológica, redirecionando esse arcabouço teórico para uma dimensão prática de justiça ambiental e social contra a destruição da vida e do planeta. A análise das tensões e das potencialidades contidas em tais contribuições teóricas críticas é o objetivo deste artigo.
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