Os Conceitos de "Prática" e "Virtude" em Macintyre:

uma interpretação crítica a partir de sua base aristotélica

Autores/as

  • Lucas Ligocki Candemil Universidade Federal de Santa Catarina

Palabras clave:

virtudes, prática, MacIntyre, Aristóteles

Resumen

Alasdair MacIntyre apresentou em After Virtue (2007) uma possível reabilitação da ética baseada nas virtudes (aretai), tema que tem sido objeto de amplo debate por eticistas nos séculos XX e XXI tais como G.EM. Anscombe, Peter Geach e Martha Nussbaum. No entanto, a proposta inovadora de MacIntyre tomou por base a aplicação dos conceitos de ‘prática’ — atividade humana cooperada, socialmente estabelecida, que promove a realização de bens internos com vistas ao alcance dos padrões de excelência estabelecidos e que resulta na própria excelência humana — e de ‘virtude’ — a qual, quando associada ao conceito anterior, é parcialmente definida como a qualidade necessária ao alcance dos bens internos das práticas. Argumenta-se neste artigo que a associação dos conceitos ‘prática’ e ‘virtude’ proposta por MacIntyre leva a uma contradição entre sua filosofia moral e a base que a sustenta, isto é, a ética aretáica de Aristóteles. Esse argumento mostrou que (i) as virtudes e as práticas macintyreanas são produtoras de bens e males; e (ii) que a expressa concordância de MacIntyre com a ética prática aristotélica leva a uma contradição com o primeiro item. Por fim, após analisar duas objeções possíveis ao argumento, conclui-se que a reabilitação de uma moralidade baseada nas virtudes não pode ser defendida a partir dos dois conceitos supracitados. 

Citas

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Publicado

2024-07-14