Os Conjuros de Pierina: a recusa da nomeação do outro-opressor como manifestação de (Re)existência

Autores

  • Vera Martins Universidade Federal de Santa Maria - Campus Frederico Westphalen
  • Elibia Catarina Mainardi Bertoldo Universidade Federal de Santa Maria - Campus Frederico Westphalen
  • Joel Felipe Guindani Universidade Federal de Santa Maria - Campus Westphalen

Palavras-chave:

Mulher rural, Nomeação, Sentidos de resistência.

Resumo

Promovemos neste artigo, o encontro e o diálogo deSilvia Federici (2010), Oyèronké Oyewímí (2017) e Pierina Lira (2021) criando um espaço de escuta e análise das condições de uma mulher produtora rural, buscando caminhos para o reconhecimento das práticas de resistência estipuladas por Pierina ao não nomear seu marido/opressor, reduzindo assim sua presença ao pronome “ele”, reduzindo a presença deste na sua história. Evidenciamos nestas atitudes de proteção dos espaços, pessoal e coletivo, presente na vida das mulheres. Os temas que desenvolvemos, como a recusa da nomeação do outro; trabalho; violência; solidão e interações; realizações, desejosos e sentidos da resistência, tem como base o documentário produzido sobre a vida de Pierina Lira, no qual ela além de contar sobre sua história de vida reflete sobre seu empoderamento e seus desafios. Finalizamos este encontro se finda, atribuindo à nossa protagonista alguns conjuros de liberdade. A recusa em dizer o nome do marido, é um gesto possível de auto-reparação utilizado por Pierina para reduzir o espaço ocupado pelo opressor, para ocupar mais espaço ela mesma, deixar crescer seu corpo-mulher, que tudo registra e vive todas: as dores e os sonhos realizados, mas que reivindica por ter seu espaço, e o amplia simbólica e objetivamente pela narrativa

Biografia do Autor

Vera Martins, Universidade Federal de Santa Maria - Campus Frederico Westphalen

Doutora em Comunicação Midiática pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Santa Maria – UFSM e professora adjunta do Departamento de Ciências da Comunicação da mesma instituição – campus Frederico Westphalen/RS.

Elibia Catarina Mainardi Bertoldo, Universidade Federal de Santa Maria - Campus Frederico Westphalen

Graduanda em Relações Públicas – Bacharelado na Universidade Federal de Santa Maria – UFSM campus Frederico Westphalen/RS. E-mail: elibiabertoldo@gmail.com.

Joel Felipe Guindani, Universidade Federal de Santa Maria - Campus Westphalen

Doutor em Comunicação e Informação pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e professor adjunto do Departamento de Ciências da Comunicação da Universidade Federal de Santa Maria – campus Frederico Westphalen/RS.

Referências

FEDERICI, Silvia. Calibán y la bruja. Mujer, cuerpo y acumulacíon primitiva. Traficante de Sueños, Madrid, 2010, 367p;

KRAMER, Heinrich., SPRENGER, James. Malleus Maleficarum. O martelo das feiticeiras. Rosa dos Tempos, 3ed., Rio de Janeiro, RJ, 1991. 528p;

LIRA, Pierina. Entrevista, 2021;

OYĚWÙMÍ, Oyèronké. La invención de las mujeres. Una perspectiva africana sobre los discursos occidentales del género. Bogotá, Colombia.Editorial en la frontera, 2017. 316p;

FIORENAZA, Elisabeth S. Caminhos da Sabedoria: uma introdução à interpretação bíblica feminista. São Bernardo do Campo: NhandutiEditora, 2009. 256 p;

RAMINELLI, Ronald. Eva Tupinambá. IN: DEL PRIORI, Mary (org.) História das mulheres no Brasil. 3ed. São Paulo, Contexto, 2000, 678p;

VAINFAS, Ronaldo. Homoerotismo feminino e o Santo Ofício. IN: DEL PRIORI, Mary (org.) História das mulheres no Brasil. 3ed. São Paulo, Contexto, 2000, 678p.

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Publicado

2021-12-16

Edição

Seção

Autores Convidados