Genealogia do pessimismo

Autores

  • Natalia Costa Rugnitz

Palavras-chave:

Platão. Utopia. Alegoria da caverna. Pessimismo.

Resumo

No Livro VII da República Platão constrói a Alegoria da caverna como um dispositivo para comunicar, de modo simples e acessível, a sua visão do mundo desde o ponto de vista metafísico e epistemológico; no Livro VI, com a Analogia do sol (Rep. VI 504c et seq.), ele oferece as ferramentas necessárias para navegar o vasto arsenal conceptual que subjaz à memorável narrativa literária. No seguinte artigo nos propomos a realizar uma leitura conjunta do Livro VI e VII da República, com o objetivo de tornar explícito o pano de fundo pessimista que permeia a seção central do diálogo e o modo no qual esse subsolo se contrapõe à intencionalidade utópica que permeia o resto do texto. Diremos que o contraponto entre utopia e pessimismo não constitui um paradoxo nem uma contradição, mas uma chave de leitura útil, necessária e até urgente, para penetrar no significado cabal do pensamento platônico tal como ele se apresenta nesta obra de madurez. Concluiremos, por fim, que se bem é justo apresentar Platão como o fundador da tradição da utopia ocidental, isto só é aceitável se, ao mesmo tempo, se o apresenta como um dos mais antigos pessimistas e, enquanto tal, como o primeiro crítico da utopia.

Referências

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VLASTOS, Gregory. Socratic knowledge and platonic “pessimism”. The Philosophycal Review, v. 66, n. 2, Duke University Press, April 1957.

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Publicado

2023-12-29