Boca Negra e a Cidade Sorriso
Giras, gingas e beats do patrimônio cultural afro-brasileiro em periferias da capital paranaense
Palavras-chave:
Patrimônio afro-brasileiro, periferia, prendizagens artísticasResumo
Na entrada/saída da cidade, nas bordas da Rodoferroviária da capital, não-lugares, onde existências e memórias de trabalhadores seguem entre-cobertas pelo movimento de suas vias rápidas. Continuidades/rupturas do(s) centro(s) de uma cidade de discurso embranquecido. Essa escuta pode ser considerada um esforço imaginativo, que permite matizar, colorir e escurecer as imagens da Cidade. A Escola de Samba Colorado, blocos carnavalescos e trajetos que nos levam a circuitos de lazer, familiares ou não, da massa de operários que habitavam a região, na primeira área industrial da cidade. A partir desses trajetos, proponho, então, pensar terreiros, barracões de escola de samba e grupos de capoeira enquanto espaços de aprendizagem tradicional e religiosa, mas também cultural e artística. Espaços e práticas de salvaguarda de referências culturais de matrizes africanas em uma cidade que tem oferecido destaque apenas a seu patrimônio de matizes europeias. Circulam por eles fundamentos de cosmologias africanas, que viabilizam existências negras e constituem o PCI Afro-Brasileiro em Curitiba.
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