Patrimônio cultural e repressão policial

o caso da proibição das Sambadas do Maracatu de Baque Solto em Pernambuco

Autores

  • Leonardo Leal Esteves Universidade Federal do Pernambuco

Palavras-chave:

Maracatu de baque solto, patrimônio imaterial, repressão policial

Resumo

Neste artigo, analiso o caso de repressão policial exercida a um ritual que ocupa um papel central na dinâmica de uma tradicional manifestação da cultura popular do Nordeste brasileiro. De modo particular, procuro examinar o paradoxo das ações de controle e ordenamento exercidas por setores do Governo do Estado de Pernambuco em torno das sambadas do maracatu de baque solto, no mesmo período em que o maracatu estava sendo registrado como Patrimônio Imaterial pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan

Biografia do Autor

Leonardo Leal Esteves, Universidade Federal do Pernambuco

Bolsista PNDP/Capes e professor colaborador no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal de Sergipe – PPGA-UFS; professor substituto do Departamento de Antropologia e Museologia da Universidade Federal de Pernambuco – DAM-UFPE. Email: leonardolesteves@gmail.com

Referências

AMORIM, Maria Alice. No visgo do improviso ou A peleja virtual entre cibercultura e tradição:

comunicação e mídia digital nas poéticas da oralidade. São Paulo, EDUC, 2008.

ASSIS, Maria Elisabete A., Cruzeiro do Forte: A Brincadeira e o Jogo de Identidade em um

Maracatu Rural. 1996, Dissertação (mestrado em Antropologia) – Programa de Pós-Graduação em

Antropologia do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Pernambuco,

Recife, 1996.

ASSEMBLEIA Legislativa de Pernambuco, Lei nº 12.789, de 28 de abril de 2005. Dispõe sobre

ruídos urbanos, poluição sonora e proteção do bem-estar e do sossego público e dá outras

providências. Assembleia Legislativa de Pernambuco, Pernambuco, 2005.

ASSEMBLEIA Legislativa de Pernambuco. Lei Estadual nº 14.133, de 30 de agosto de 2010.

Dispõe sobre a regulamentação para realização de shows e eventos artísticos acima de 1.000

espectadores no âmbito do Estado de Pernambuco e dá outras providências. Assembleia Legislativa de

Pernambuco, Pernambuco, 2010.

AYALA, Marcos; AYALA, Maria Ignez N. Cultura popular no Brasil: Perspectiva de análise. 2ª.

ed. São Paulo, Ática, 2006.

BAKHTIN, Mikhail. A cultura popular na Idade Média e Renascimento: O contexto de François

Rabelais. São Paulo, Hucitec, Anablume, 2002.

BRASIL. Constituição. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, Senado Federal,

Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/atividadelegislativa/legislacao/Constituicoes_Brasileiras/constituicao1988.html/Constituiode1988.pdf>. Acesso

em: 1º de fev. de 2018.

BURKE, Peter. Cultura Popular na Idade Moderna. Europa, 1500 – 1800. 2ª ed. São Paulo,

Companhia das Letras, 1998.

CALABRE, Lia. Políticas Culturais no Brasil: dos anos 1930 ao século XXI. Rio de Janeiro, FGV,

CARVALHO, Ernesto Ignácio. Diálogos de Negros, monólogo de brancos: Transformações e

apropriações musicais no maracatu de baque virado. 2007. Dissertação (mestrado em Antropologia) –

Programa de Pós-Graduação em Antropologia do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da

Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2007.

CARVALHO, José Jorge. Metamorfoses das tradições performáticas afro-brasileiras: de patrimônio

cultural à indústria de entretenimento. In: TORRES, Maria Helena; TELLES, Lucia Silva (Ed.)

Celebrações e saberes da cultura popular: pesquisa, inventário, crítica, perspectivas. Rio de Janeiro,

Funarte, Iphan, CNFCP (Encontro e estudos; 5), 2004.

CHAVES, Suiá Omim A. C., Carnaval em Terras de Caboclo: uma etnografia sobre maracatu de baque solto. 2008. Dissertação (mestrado em Antropologia Social) – Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2008.

CORSINO, Célia Maria. Apresentação. In. IPHAN. Inventário Nacional de Referências Culturais:

Manual de Aplicação. – Brasília: Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional; Departamento

do Patrimônio Imaterial, 2000.

CUNHA, Manuela Carneiro da. Cultura com aspas e outros ensaios. São Paulo: Cosac Naify, 2009.

DABAT, Christine Rufino. Moradores de Engenho: relações de trabalho e condições de vida dos

trabalhadores rurais na zona canavieira de Pernambuco, segundo a literatura, a academia e os próprios

atores sociais. 2ª ed. Recife, Universitária da UFPE, 2012.

DOUGLAS, Mary. Pureza e Perigo: ensaio sobre a noção de poluição e tabu. Lisboa: Edições 70,

ELIAS, Nobert. O processo civilizador: Uma História dos Costumes, v. 1 Rio de Janeiro: Jorge

Zahar, 1997.

ESTEVES, Leonardo Leal. “Cultura” e burocracia: as relações dos maracatus de baque solto com o

Estado. 2016. Tese (Doutorado em Antropologia) – Departamento de Antropologia e Museologia do

Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2016.

GRUMAN, Marcelo. Políticas públicas e democracia cultural no Brasil. Enfoques On-Line: Revista

Eletrônica dos Alunos de Pós-Graduação em Sociologia. Rio de Janeiro: Programa de Pós-Graduação

em Sociologia e Antropologia do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do

Rio de Janeiro, v. 7, n. 2, 9-26, 2008.

GUERRA-PEIXE, César. Maracatus do Recife. V. XIV, São Paulo: Irmãos Vitae, 1980.

IPHAN. Maracatu de Baque Solto: patrimônio cultural imaterial do Brasil (Dossiê de Candidatura),

Brasília: Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, 2013.

IPHAN, Parecer n. 82/2014. Processo n. 01450.010231/2008-51 referente ao Registro do Maracatu

Rural. Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Brasília, 2014.

IPHAN. Os Sambas, as Rodas, os Bumbas, os Meus e os Bois: Princípios, ações e resultados da

política de salvaguarda do patrimônio cultural imaterial no Brasil (2003-2010). 2ª ed. Brasília:

Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional; Departamento do Patrimônio Imaterial. 2010.

KUPER, Adam. Cultura: a visão dos antropólogos. Bauru, EDUSC, 2002.

LÉVI-STRAUSS, Claude. Antropologia Estrutural. 6ª ed. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2003.

LIMA, Ivaldo M. F. Maracatus-nação: ressignificando velhas histórias. Recife: Bagaço, 2005.

LODY, Raul. O Negro no museu brasileiro: construindo identidades. Rio de janeiro: Bertrand Brasil,

MAUSS, Marcel. Sociologia e Antropologia. São Paulo: Cosac Naify, 2005.

____. Sobre o Sacrifício: Marcel Mauss e Henri Hubert. São Paulo: Cosac Naify, 2013.

MEDEIROS, Roseana B. Maracatu Rural: luta de classes ou espetáculo? Recife: Fundação de

Cultura Cidade do Recife, 2005.

MINTIZ, Sidney Wilfred; WOLF, Eric. Fazendas e Plantações na Meso-América e nas Antilhas. In:

MINTZ, Sidney Wilfred. O poder amargo do açúcar: produtores escravizados, consumidores

proletarizados. 2ª ed. Recife: Universitária da UFPE, 2010. p. 169-223.

OLIVEIRA, Lúcia Lippi. Cultura é Patrimônio: um guia. Rio de Janeiro: FGV, 2008.

RIBEIRO, Mário, Trombones, Tambores, Repiques e Ganzás: A festa das agremiações

carnavalescas nas ruas do Recife (1930-1945). 2010. Dissertação. (mestrado em História Social da

Cultura Regional) Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Rural de

Pernambuco, Recife, 2010.

RUBIM, Antônio A. C. Políticas culturais no Brasil: tristes tradições, enormes desafios. In. RUBIM,

Antônio A. C.; BARBALHO, Alexandre (Orgs.) Políticas Culturais no Brasil. Salvador: EDUFBA,

, p. 11-36.

SAHLINS, Marshall. Cultura na Prática. Rio de Janeiro: UFRJ, 2004.

SALLES, Sandro Guimarães de. À sombra da Jurema Encantada: Mestres juremeiros na Umbanda

de Alhandra. Recife: Universitária da UFPE, 2010.

SANTOS, Climério de Oliveira; RESENDE, Tarcísio Soares. Batuque Book: Maracatu Baque Virado

e Baque Solto. 2ª. ed. Recife: Ed. Do Autor, 2009.

SCOTT, Russel Parry. Famílias camponesas, migrações e contextos de poder no Nordeste: entre o

“cativeiro” e o “meio do mundo” In: GODOI, Emília Pietrafesa; MENEZES, Marilda Aparecida;

MARIN; Rosa Acevedo (Orgs.) Diversidade do campesinato: expressões e categorias; estratégias de

reprodução social. – São Paulo: Editora UNESP; Brasília, DF: Núcleo de Estudos Agrários e

Desenvolvimento Rural, v. 2, 2009, p. 245-268.

SILVA, Severino Vicente da. Festa de Caboclo. 2ª. ed. Olinda, Associação Reviva, 2012a.

SILVA, Severino Vicente da. Maracatu Estrela de Ouro de Aliança: a saga de uma tradição. 2ª. ed,

Olinda: Associação Reviva, 2012b.

SILVA, Vagner Gonçalves da. Neopentecostalismo e Religiões Afrobrasileiras: significados do

ataque aos símbolos da herança religiosa africana no brasil contemporâneo. Mana 13(1): 207-236,

TURNER, Victor W. O processo ritual: estrutura e antiestrutura. 2ª. ed. Petrópolis: Vozes, ,2013.

VELOSO, Siba. Pernambuco, Maracatu de Baque Solto e a Cobertura da Lei. Outros críticos. Fev.

Disponível em: <https://outroscriticos.com/pernambuco-maracatu-de-baque-solto-e-a-coberturada-lei/> Acesso em 23 Nov. 2020.

VIEIRA, Sumaia; NOGUEIRA, Maria Aparecida, Cambinda do Cumbe. Recife: Gráfica JB, 2006.

VIEIRA, Sumaia. “Eu te empresto e tu me devolve” a JUREMA no “maracatu (baque solto / rural)

porque pode ser” In: 24ª. Reunião Brasileira de Antropologia. Recife (Anais), 2004, n. p.

Downloads

Publicado

2020-12-01

Como Citar

ESTEVES, . L. Patrimônio cultural e repressão policial: o caso da proibição das Sambadas do Maracatu de Baque Solto em Pernambuco. Cadernos NAUI, [S. l.], v. 9, n. 17, p. 131–153, 2020. Disponível em: https://ojs.sites.ufsc.br/index.php/naui/article/view/6476. Acesso em: 21 fev. 2025.

Edição

Seção

Dossiê Temático

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)