Agrotóxicos no Brasil
Panorama dos produtos aprovados entre 2019 e 2022
Abstract
No período entre 2010 e 2020, a quantidade de agrotóxicos comercializados no Brasil aumentou 78,3%, quase o triplo do que cresceu a área cultivada no país (27,6%). De outro lado, no período 01 de janeiro de 2019 a 30 de junho de 2022, do total de produtos químicos registrados, 50,8% continham pelo menos um ingrediente ativo banido ou sem registro na União Europeia e parte deles também proibido no país de origem, como a China. Soja, milho, algodão e cana-de-açúcar constam entre as culturas que tiveram o maior número de novos agrotóxicos com uso autorizado no Brasil naquele período. A permissividade da gestão de agrotóxicos no país é ilustrada pelo fato de que, do total de ingredientes ativos de agrotóxicos com registro para uso no país em agosto de 2022 (504), 107 (21,2%) eram agentes obtidos de fontes biológicas (microorganismos, semioquímicos ou feromônios, entre outros) e 397 eram produtos químicos produzidos industrialmente, dentre os quais 146 (36,8%) não tinham uso permitido na União Europeia (UE). A razão da proibição do uso na UE está associada aos efeitos adversos a humanos e a outros organismos resultantes da exposição aos ingredientes químicos de agrotóxicos, já descritos na literatura científica e sumarizados no presente capítulo. A autorização concedida por prazo indeterminado, o baixo rigor científico, o não uso de estudos independentes e a falta da participação pública na tomada de decisão demonstram a crueldade contra a população brasileira e sua biodiversidade. Por isso, há a necessidade de aumentar o rigor científico dos estudos a serem aportados, promover a participação pública na tomada de decisões e garantir o acesso a todas as informações dos dossiês submetidos para registro e autorização de novos agrotóxicos