Teses sobre o conceito de filosofia (mestiça) ou como livrar-se do fantasma da filosofia pura

Autores

Palavras-chave:

filosofia mestiça, filosofia pura

Resumo

Este ensaio aforismático apresenta algumas teses gerais sobre o conceito de filosofia, entendida em sua generalidade através do adjetivo ‘mestiça’ e em contraste crítico com a ideia e o mito de filosofia pura. Tais teses são acompanhadas por alguns dos argumentos em sua defesa, bem como por alguns de seus pressupostos e consequências metafilosóficos. De um lado, a partir dessas teses, procuro fazer uma caracterização abrangente e plural das possibilidades para fazer filosófico no mundo atual e no contexto da comunidade filosófica brasileira. De outro, a partir dessas mesmas teses, apresento uma genealogia e uma crítica do que denomino ‘fantasma da filosofia pura’. Essa metáfora conceitual indica a forma patológica pela qual a ideia e o mito da filosofia pura ainda dominam o imaginário da comunidade filosófica brasileira, limitando e distorcendo as possibilidades para o seu fazer filosófico. Essa genealogia e essa crítica se realizam diagnosticando três falsos dilemas gerados pelo fantasma da filosofia pura, apontando alguns meios para superá-los e potencializar nosso fazer filosófico sob o signo do conceito de filosofia mestiça.

Biografia do Autor

Nazareno Eduardo de Almeida, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

Possui graduação em Filosofia pela Universidade Federal de Santa Catarina (1999), mestrado (2002) e doutorado (2005) em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Atualmente é Professor Adjunto do Departamento de Filosofia da Universidade Federal de Santa Catarina, na área de Metafísica. Investiga questões ligadas à problemática sobre a relação pensamento-linguagem-mundo, tanto através de sua instauração no pensamento grego, quanto através de abordagens contemporâneas da mesma. Por conta de investigar esta problemática, opera com temas, questões e argumentos pertencentes aos campos da Ontologia, Filosofia da Linguagem, Lógica Filosófica, Teorias da Verdade, Filosofia da Mente, Semiótica Filosófica e Filosofia da Arte. É coordenador do Núcleo de Filosofia Antiga da UFSC e membro do Núcleo de Investigações Metafísicas da UFSC.

Referências

CHRITCHLEY, Simon. What is continental philosophy? In: CHRITCHLEY, Simon; SCHROEDER, William (Org.). A companion to continental philosophy. Oxford: Blackwell, 1999.

NIETZSCHE, Friedrich. Also sprach Zarathustra: ein Buch für Alle und Keinen. In: COLLI, Giorgio; MONTINARI, Mazzino (Ed.). Nietzsche Werke. Kritische Gesamtausgabe, vol. 1. Berlim: De Gruyter, 1968.

Referências complementares:

DE MOURA, Carlos Alberto Ribeiro. História stultitiae e história sapientiae. In: ______. Racionalidade e crise: estudos de história da filosofia moderna e contemporânea. São Paulo: Discurso Editorial e Editora da UFPR, 2001, p. 13-42.

LOEB, Paul; MEYER, Matthew (Ed.). Nietzsche’s metaphilosophy: the nature, method, and aims of philosophy. Cambridge: Cambridge UP, 2019.

MARGUTTI, Paulo. Filosofia brasileira e pensamento descolonial. Sapere Aude, v. 9, n. 18, p. 223-239, 2018.

__________. História da filosofia do Brasil; vol. 1. São Paulo: Loyola, 2010.

MARQUES, Ubirajara Racan de Azevedo. A escola francesa de historiografia da filosofia: notas históricas e elementos de formação. São Paulo: Unesp, 2007.

OVERGAARD, Soren; GILBERT, Paul; BURWOOD, Stephen. An introduction to metaphilosophy. Cambridge: Cambridge UP, 2013.

RAMOS, Alberto Guerreiro. A redução sociológica. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, 1996 (1958).

RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. Rio de Janeiro: Global, 2010 (1995).

Downloads

Publicado

2023-12-29 — Atualizado em 2024-01-16

Versões