Quem cala, morre contigo
novos e recorrentes significados sociais na canção Menino de Milton Nascimento e Ronaldo Bastos
Palavras-chave:
Walter Benjamin, Milton Nascimento, Crítica Imanente, Estética e sociedade, João CasimiroResumo
A violência é parte de nosso cotidiano. Ainda assim, ela parece naturalizada, como se fosse apenas mais uma notícia de jornal. Esse procedimento de apresentá-la como um amontoado de fatos é uma das facetas de uma concepção que tende a interpretar o mundo não como uma construção histórica, mas como um fluxo contínuo, logo, como um tempo homogêneo e vazio, tal como formulado por Walter Benjamin. Sendo assim, a pergunta que movimenta esse trabalho é saber o que a canção Menino (Milton Nascimento e Ronaldo Bastos) pode nos ensinar sobre a maneira pela qual, atualmente, lidamos com as ações violentas, posto que ela é uma homenagem ao estudante Edson Luís, assassinado pelo Estado durante a ditadura militar. A versão original foi lançada em 1976. O ponto de comparação será feito à partir da regravação da mesma canção, lançada em 2020 por João Casimiro, em uma espécie de vídeo-performance que conta com participação da dançarina Aline Serzedello. Para tanto, a proposta de análise é buscar nas estruturas das obras (poéticas, musicais e performáticas) a maneira como elas dão forma à revolta frente ao ocorrido.
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