Imaginar apesar de tudo: a tarefa ética de trabalhar através das imagens
Palavras-chave:
Ética, responsabilidade, éstetica, representaçãoResumo
O artigo explora a relação entre imagem e ética a partir do livro Imagens apesar de tudo de Georges Didi-Huberman. Em particular, o livro fornece um quadro conceitual que põe em questão a crítica sobre a irrepresentabilidade do sofrimento, na medida em que tal crítica coloca em debate a possibilidade ou não de representação e responsabilização ética diante da dor dos outros. A experiência do pensamento proposta por Didi-Huberman permite, para além de repensarmos os limites da imagem – notadamente da fotografia (redenção/distração, tudo/nada) –, problematizarmos a nossa implicação subjetiva diante dela. Assim, partindo da premissa de que de um lado há uma reivindicação pela representação universalizante, que exige imagens para comprovar a totalidade da injustiça infligida e, de outro lado, um absoluto ceticismo, que reduz a nada tanto o poder da imagem enquanto testemunho quanto a responsabilidade ética, o objetivo deste ensaio é analisar esta controvérsia para pensar, em última instância, a posição do sujeito quando este é interpelado pela imagem. Nesse sentido, de acordo com a conclusão, a imagem é um dispositivo fundamental, que atua como forma de conhecermos, apesar de suas fissuras e incompletude, o evento da injustiça e do horror, podendo nos levar a perseguir uma postura ética comprometida com a não repetição e com o trabalho (práxis) político.
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