Notas sobre o limiar – epistemologia, corpo e história segundo Lauretis e Gagnebin
Palavras-chave:
Gênero, Corpo, epistemologia, história, limiarResumo
Este texto busca analisar, por meio de uma abordagem epistemológico-política, as noções de espaço-tempo e corpo situado na contemporaneidade, a partir do escopo das recentes críticas sobre gênero e capitalismo. Com foco na vasta fortuna filosófica desses temas, do Século 20 aos dias atuais, parte-se, basicamente, de duas pensadoras, Teresa de Lauretis e Jeanne Marie Gagnebin, para se tentar pensar possíveis interseccionalidades e atravessamentos dialéticos nos conceitos propostos por ambas, em suas jornadas do pensamento contra uma certa visão engessada em torno do essencialismo e da universalização, e, de outro modo, próximas e afeitas a fronteiras mais transitáveis entre categorias não-fixas e instáveis. A princípio, o artigo articula ideias presentes no texto “A tecnologia do gênero” (1987), no qual Lauretis trabalha o dentro-fora, o corpo “gendrado”, o potencial epistemológico radical e a opressividade. Veremos que a autora italiana, à luz crítica de Althusser, Foucault e Wittig, defende um giro na subjetividade racional, deslocando o olhar à realidade de um corpo localizado e produzido, sobretudo àqueles situados nas fringes das tecnologias (discursos, saber, poder, sexo, raça etc). Depois, exploraremos a categoria do lugar instável segundo Gagnebin, que resgata o conceito de limiar (Schwelle), de Walter Benjamin. Concluiremos que tal indiscernibilidade histórica indica uma paradoxal redenção de um corpo tecnologizado, em meio a uma cultura no jogo entre liberdade e opressão.
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