Da ausência de indigência à serenidade em Heidegger

Autores

Palavras-chave:

Ausência de indigência, Maquinação, Região, Ser, Serenidade.

Resumo

O propósito deste artigo é discutir de que modo o ente humano está em meio ao oceano da ausência de indigência (Not der Notlosigkeit) e como ele pode atravessá-lo até chegar à serenidade (Gelassenheit). A partir das reflexões de Heidegger, demonstramos que a ausência de indigência é fruto do distanciamento da vigência do ser, na medida em que o homem está no interior da maquinação (Machenschaft). Ao se esquecer da verdade originária, tal homem passa a considerar a si mesmo como o fundamento da realidade, calculando e apoderando-se da natureza. Todavia, Heidegger indica o caminho de relembrança da verdade originária que passa pela serenidade, a partir da qual o ser-aí (Da-sein), graças aos acenos do ser, reconhece o quão pobre e indigente é a sua existência. Nesse sentido, a serenidade em Heidegger, que não pode ser interpretada como uma via de calmaria, aponta para o deslocamento em direção ao “encontro” da Região (Gegnet) (essência re-veladora), onde o ser-aí se torna o apropriado e o acolhedor do ser. 

Biografia do Autor

Rodrigo Amorim Castelo Branco, Universidade de Brasília - UnB

Doutorando em Filosofia na Universidade de Brasília - UnB. Mestre em Filosofia pela Universidade de Brasília - UnB (2018). Licenciado em Filosofia pela Universidade Católica de Brasília - UCB (2011). Estuda a questão das modulações metafísicas na história da filosofia a partir da fenomenologia de Heidegger. Temas de interesse: a essência da verdade no pensamento grego, predicação e cálculo na modernidade e os contramovimentos à metafísica na contemporaneidade. Na tese de doutorado (Gelassenheit: o traço essencial do pensamento heideggeriano), discute-se sobre o sentido originário de Gelassenheit, demonstrando de que modo ela é a disposição fundamental do pensamento de Heidegger e como perpassa as suas meditações acerca do desvelamento da verdade grega até as suas reflexões relativas ao esquecimento e ao encobrimento do ser que se dão na história do Ocidente.

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Publicado

2020-02-03