O "Capitalismo como religião" e uma reflexão ética a partir de Agamben
Palavras-chave:
Capitalismo. Religião. Consumo. Política. Biopolítica.Resumo
O presente estudo tem como tema a análise de como, nos dias de hoje, o capitalismo pode ser considerado uma religião. Essa religião capitalista, diferentemente das demais religiões conhecidas, não visa a salvação, mas sim, a destruição. Pois, por meio dos diversos mecanismos que a servem, faz com que as pessoas se sintam culpadas, as tornando cada vez mais individualistas, egocêntricas e consumistas. Ao concentrar o capital nas mãos de alguns poucos; condenando muitos outros à morte ou à criminalidade, o capitalismo age como uma epidemia religiosa sistêmica, incluindo a seus “fiéis” a ausência de percepção dessa condição. Essa trabalho apresenta também como, atualmente, não é mais possível afirmar que se faça política: o que existe é biopolítica, que tem o controle e regulação/ normatização dos corpos dos viventes como principal objetivo. Esse domínio é exercido por meio da disciplina e do controle, obtido a partir dos mais diversos dispositivos, imperando um estado de exceção. Por fim, o trabalho propõe como uma comunidade de singularidades pode reverter essa religião capitalista, ou, ao menos, minimizar seus efeitos a médio prazo, auxiliando para que os homens voltem a fazer política, fugindo assim da biopolítica e, consequentemente, do capitalismo.
Referências
AGAMBEN, Giorgio. A comunidade que vem. Lisboa. Presença. 1993;
______. A Comunidade que vem. Trad. de Cláudio Oliveira. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2013.
______. Estado de exceção: homo sacer II, 1. Tradução de Iraci D. Poleti, São Paulo: Boitempo, 2004;
______. Homo sacer I: o poder soberano e a vida nua I. Tradução de Henrique Burigo, Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2010;
______. Meios sem fim: notas sobre a política. Tradução de Davi Pessoa Carneiro, Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2015;
______. O que é o contemporâneo? E outros ensaios. Trad. de Vinicius Nicastro Honesko. Santa Catarina: Argos, 2009;
______. Profanações: Arqueologia do. Trad. de Selvino José Assmann. São Paulo: Boitempo, 2007;
______. Deus não morreu. Ele tornou-se dinheiro. | Entrevista com Giorgio Agamben. Blog da Boitempo, São Paulo, 31 de Ago. 2012. Entrevista. Disponível em: <http://blogdaboitempo.com.br/2012/08/31/deus-nao-morreu-ele-tornou-se-dinheiro-entrevista-com-giorgio-agamben/> Acesso em: 05 de Set. 2016;
______. Benjamin e o capitalismo. Trad. Selvino Assmann. Blog da Boitempo, São Paulo, 05 de Ago. 2013. Disponível em: <https://blogdaboitempo.com.br/2013/08/05/benjamin-e-o-capitalismo/>. Acesso em: 01 de set. 2016;
BENJAMIN, Walter; LÖWY, Michael. O capitalismo como religião. Trad. de Nélio Schneider. São Paulo: Boitempo, 2013;
______. Os dispositivos existenciais do consumismo. Revista Espaço Acadêmico, Maringá, v. 10, n. 118, p. 103-113, mar. 2011. Disponível em: <http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/viewFile/10182/ 6708>. Acesso em: 20 out. 2016;
FOUCAULT, Michel. Em defesa da sociedade: curso no Collège de France (1975-1976). Tradução de Maria Ermantina Galvão. São Paulo: Martins Fontes, 1999;
______. História da sexualidade I: A vontade de saber Trad. Maria Thereza da Costa Albuquerque e J. A. Guilhon Albuquerque. Rio de Janeiro, Edições Graal, 1988;
______. Microfísica do Poder. 3. ed. Rio de Janeiro. Edições Graal. 1982;
LÖWY, M. O Capitalismo como religião: Walter Benjamin e Max Weber, in: JINKINGS, I. & PESCHANSKI (org.). As utopias de Michael Löwy: reflexões sobre um marxista insubordinado. São Paulo: Boitempo, 2007, p.177-190;
O CAPITALISMO COMO RELIGIÃO. Folha de São Paulo On-line, São Paulo, 18 de Set. de 2005. Caderno Mais. Disponível em: <http://egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/33501-43270-1-PB.pdf.>. Acesso em: 03 de Mar. 2017
PEZZELLA, Mario. La Teologia del denaro di Walter Benjamin: il debito. Consecutio Rerum, Roma, 22 de Out. 2013. http://www.consecutio.org/2013/10/la-teologia-del-denaro-di-walter-benjamin-il-debito/>. Acesso em: 04 de Out. 2016;
STIMILLI, Elettra. Debito e colpa. Roma: Ediesse, 2015, pp. 107-148 (A religião do débito. Trad. Por. Selvino Assmann)
______. Debito e colpa, pp. 77-106 (Entre a teologia política e a teologia econômica. Trad. Por. Selvino Assmann)
WEBER, Max. A ética protestante e o 'espírito' do capitalismo. Trad. José Marcos Mariani de Macedo. São Paulo: Cia. das Letras, 2004.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution License que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).