Notas sobre a desindustrialização da economia catarinense

Evidências das últimas quatro décadas

Autores

  • Matheus Souza da Rosa Universidade Federal de Santa Catarina

Resumo

Não é novidade que a economia brasileira percorre, há pelo menos três décadas, uma trajetória sustentada de desindustrialização. Regionalmente, a desindustrialização se manifestou de maneira diversa, com vigor especial nas regiões sudeste e sul, nas quais até então verificavam-se os maiores níveis de industrialização. Em Santa Catarina, a literatura especializada no tema corroborou o diagnóstico nacional e regional, indicando que a indústria de transformação perdeu espaço, desde a década de 1990, em termos de participação no produto interno bruto, no emprego e no saldo da balança comercial. Contudo, esses trabalhos enfrentaram consideráveis limitações metodológicas, em especial no que concernia ao tratamento das séries do grau de industrialização obtidas via Sistema de Contas Regionais do IBGE (SCR/IBGE), o que resultou, na maior parte das vezes, na comparação indevida de séries históricas separadas por uma falha estrutural. O presente trabalho busca, em primeiro lugar, apresentar uma série corrigida para o grau de industrialização da economia catarinense entre 1985 e 2020. Em segundo lugar, os novos dados são analisados com o objetivo duplo de: 1) visualizar se a trajetória catarinense acompanha a tendência nacional; e 2) indicar se as conclusões dos trabalhos anteriores sobre a desindustrialização da economia de Santa Catarina podem ser corroboradas a partir das novas séries históricas. Para além do grau de industrialização, também são analisadas as evidências da balança comercial da manufatura entre 1997 e 2020. Como conclusão, indica-se que economia catarinense desindustrializou-se pari passu à economia nacional, ainda que em ritmo inferior, sendo essa desindustrialização marcada por uma redução na participação da indústria de transformação no PIB estadual e pela reprimarização da pauta exportadora. Além disso, as conclusões gerais dos trabalhos anteriores sobre a retração relativa da indústria são corroboradas, mas a magnitude desse fenômeno é revista como consequência do ajuste metodológico aplicado na formação das novas séries históricas.

Biografia do Autor

Matheus Souza da Rosa, Universidade Federal de Santa Catarina

Bacharel em Ciências Econômicas pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Economia da UFSC (PPGEco/UFSC).Email: matheusrosa.lit@gmail.com.

Downloads

Publicado

2024-07-16

Edição

Seção

Artigos