Fome no estado de Santa Catarina: evolução, raízes e perspectivas em período de múltiplas crises

Autores

  • Lauro Mattei
  • Cristine Garcia Gabriel
  • Milena Corrêa Martins
  • Mick Lennon Machado
  • Murilo Lyra Pinto

Resumo

O objetivo do artigo é discutir a evolução da fome em Santa Catarina à luz dos
dados divulgados pelo IIº Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto
da Pandemia da Covid-19 (IIº VIGISAN / 2022) da Rede Brasileira de Pesquisa em
Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN). O Inquérito apontou
que 40,6% da população catarinense viviam com algum grau de insegurança alimentar
(IA) e que 4,6% dos catarinenses viviam em situação análoga à fome (IA Grave), o que
correspondia a 338 mil pessoas. Em uma linha histórica, essas informações mostram
que a fome é persistente em Santa Catarina, apesar de ser marginalizada na agenda dos
governos e ocultada quando mensurada pelos rendimentos salariais médios e pelos
indicadores de desenvolvimento humano, para fins de comparação com as demais
unidades federativas brasileiras. Três aspectos parecem sintetizar os motivos para o
aumento da fome em Santa Catarina: o desmonte das estruturas nacionais de proteção
social; a incompetência da gestão pública em relação à crise socioeconômica e sanitária;
e a desestruturação do Sistema de Segurança Alimentar e Nutricional. A falta de
investimento e os retrocessos nas políticas públicas de segurança alimentar e nutricional
se apoiam em um ideário negacionista da existência da fome no estado. Estruturar e
fortalecer políticas públicas de combate à fome e de garantia do direito humano à
alimentação adequada é condição indispensável para superar a situação apresentada
pelos dados do VIGISAN e evitar que novas crises e catástrofes resultem em um cenário
tão trágico como o que foi vivenciado entre 2020 e 2022.

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Publicado

2022-10-07