A montanha-russa da pobreza mensal e um programa social alternativo

Autores

  • Marcelo Neri
  • Marcos Hecksher

Resumo

Este artigo estima em frequência mensal indicadores baseados em renda
domiciliar per capita de todas as fontes e simula os efeitos de um programa social
alternativo para o Brasil. A mensalização da Pnad Contínua revela que a pandemia de
covid-19 e a instabilidade das políticas sociais têm provocado oscilações bruscas das
taxas de pobreza entre níveis extremos desde março de 2020. Em novembro de 2021,
após o Auxílio Brasil ser lançado, as taxas de pobreza sob diferentes linhas registravam
seus piores níveis entre os meses de novembro dos dez anos cobertos pela pesquisa. A
partir da cobertura inicial observada na base, simula-se o efeito dos pisos de R$ 400 e
R$ 600 posteriormente adotados no programa e os resultados são comparados aos de um
programa alternativo com focalização perfeita. Com 74% dos recursos mensais gastos
na versão do Auxílio Brasil adotada em agosto de 2022, é possível reduzir de 6,1% para
zero a proporção de brasileiros sob a linha internacional que baliza a meta da
Organização das Nações Unidas (ONU) para erradicar a extrema pobreza do mundo. O
programa alternativo proposto transfere mais a quem é mais pobre sem extinguir o
incentivo para que se obtenha e reporte mais renda, pois cada real ganho no mercado
reduz o benefício em apenas 35 centavos. Um adicional a menores de idade reduz a
concentração da pobreza entre crianças e adolescentes.

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Publicado

2022-10-07