Blumenau e o desastre sócio-ambiental de 2008: uma cidade refém da “reconstrução”
Resumo
Na terça-feira, 18 de novembro de 2008, as últimas famílias, de quase 50, deixaram o Morro Coripós, no Bairro Escola Agrícola. As primeiras começaram a ser retiradas desde o início do mês, quando foram descobertas rachaduras na Rua Germano Grosch. Na semana anterior, no dia 12 de novembro, já haviam sido retiradas cerca de 30 famílias de outra localidade, na Rua Pedro Krauss Sênior, Bairro Vorstadt. No mesmo dia 12 de novembro, um trajeto de mais de 40 metros da Rua Doutor Pedro Zimmermann, onde se construía um imponente viaduto, caíra no ribeirão Itoupava. Na quarta-feira, 19 de novembro, deslizamentos provocados pela chuva contínua acabariam interditando a Rua Germano Grosch. Felizmente, não havia mais ninguém nas casas do Morro Coripós. Nos primeiros 21 dias de novembro a chuva havia acumulado 341,5 milímetros. Registros dos anos recentes mostram que, quando chove muito, o acúmulo de precipitação num mês de novembro pode chegar a 150 milímetros. Um novembro mais chuvoso foi o de 2006, quando a chuva acumulou 167,5 milímetros. Então, na tarde do sábado, 22 de novembro, caiu um aguaceiro incomum, provocando o deslizamento de terras na lateral de importante Shopping Center e assustando, pra valer, a classe média local. Era a véspera da maior das calamidades pelas quais a cidade já passara – de fato, um desastre sócio-ambiental. O objetivo que se tem com esta curta intervenção é duplo. De um lado, lançar alguma luz sobre o desastre sócio-ambiental, ocorrido em novembro de 2008, que acometeu a população de Blumenau – e de outros municípios de seu entorno (com destaque para Ilhota e Itajaí). De outro, à luz de suas implicações sociais e ambientais, trazer à superfície o conflito entre dois projetos de cidade, um da elite que defende a reconstrução de Blumenau, e outro dos movimentos sociais que quer uma reinvenção de Blumenau.Downloads
Publicado
2020-11-30
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Artigos
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