Mestiçagem, Degeneração e Darwinismo Social na Bolívia: Sobre o Ensaio “Pueblo Enfermo” de Alcides Arguedas

Autores/as

  • Joallan Cardim Rocha Unicamp

Resumen

Alcides Arguedas (1879 - 1946) é o escritor mais importante e controverso da primeira metade do século XX na Bolívia. Sua vasta obra literária, ensaística e historiográfica não só contribuiu para uma interpretação original da sociedade boliviana, como também permitiu construir uma certa imagem da Bolívia frente aos demais países latino-americanos e europeus. Uma imagem marcada, sobretudo, pelo pessimismo das elites com o frustrado processo de formação do Estado nacional. Esse artigo analisa a obra mais importante e controversa do escritor boliviano, o ensaio Pueblo Enfermo, publicado em 1909, sob a influencia das principais teorias em voga na Europa na segunda metade do século XIX, como o positivismo, o darwinismo social e o racismo científico. Partimos da hipótese de que o  ensaio de Arguedas analisa a questão indígena na Bolívia a partir de uma interpretação que amalgama o racismo “científico e biológico” e um embrionário esboço de explicação sociocultural. Portanto, esta obra se encontra em um lugar de transição na trajetória intelectual do autor, marcada pela tensão entre os determinantes raciais-biológicos e os fatores culturais. Este tenso e instável equilíbrio explica, em grande medida, as distintas interpretações e controvérsias em torno a sua obra, que se dividem entre aqueles que o identificam como o precursor do indigenismo, e, os que o consideram a maior expressão do darwinismo social “criollo” boliviano.

Publicado

2025-06-18

Número

Sección

Artigos