Teoria marxista da dependência e trabalho plataformizado
Em defesa de certa agenda de pesquisa
Resumo
Este artigo visa sugerir uma abordagem capaz de renovar a teoria marxista da dependência à luz da capacidade deste arcabouço teórico de compreender um ponto limitadamente discutido na literatura sobre uberização do trabalho: a dependência tecnológica como condicionante da superexploração da força de trabalho. Assim, pretendo investigar em que medida a maneira com a qual empresas como a Uber monopolizam a tecnologia que gerencia os/as trabalhadores/as a elas subordinados (os aplicativos de corrida) levam ao aprofundamento de uma tendência estrutural no continente latino americano, o da superexploração da força de trabalho. Por outro lado, tal forma de controle - interpretado aqui como uma reformulação das dinâmicas de dependência dos países periféricos em relação aos países centrais - engendra uma forma de ser específica da luta de classes, que se expressa nas formas com as quais os motoristas, nas organizações que atuam, disputam os usos das infraestruturas tecnológicos que os interpelam. Sugiro que tal disputa pode levar a uma maior capacidade desses motoristas em recompor sua força de trabalho. Por fim, defendo que a etnografia em ambientes virtuais pode ser um método produtivo para acompanhar as mudanças operacionais desses aplicativos que estão inscritas nas contradições imanentes à luta de classes.
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