A estrutura do campo social e as disputas de poder pelos agentes do setor de sementes em um município do semiárido nordestino brasileiro
Resumo
O potencial agrícola brasileiro e sua importância na produção de alimentos perpassam aspectos técnicos, econômicos e sociais que carecem de análise crítica e também política. Nesse cenário, a semente, por constituir-se num insumo, tem relevância nas relações de mercado e nas políticas públicas de incentivo ao setor. Assim, a compreensão desse campo pode ser endossada pela teoria bourdieusiana e pela legislação nacional do setor de sementes. Trata-se de propor uma aproximação a um campo social constituído de múltiplos agentes e organizações, tendo-se usado como técnicas a análise documental, a pesquisa histórica e entrevistas no ano de 2018. A pesquisa se propõe a descrever como os atores do setor determinam suas posições na estrutura do campo social, tendo como locus um município do semiárido brasileiro. As posições são constatadas e apresentadas tendo como determinante os capitais dos atores do campo, seu habitus, modus operandi e poder, na medida em que se distinguem como ortodo-xos ou heterodoxos. Logo, os achados oportunizam a visualização da estrutura do campo so-cial e a possibilidade de contribuir para o desenvolvimento de uma análise crítica das condi-cionantes sociais desse setor.
Palavras chave: Capital, Estrutura, Organizações, Poder, Sementes.
Referências
BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1979.
BONAMINO, A. et al. Os efeitos das diferentes formas de capital no desempenho escolar: um estudo à luz de Bourdieu e de Coleman. Revista Brasileira de Educação, v. 15, n. 45, 2010.
BOURDIEU, P. Questões de sociologia. Rio de Janeiro: Marco Zero, 1983.
BOURDIEU, P. et al. O poder simbólico. Lisboa: Difel. 1989.
BOURDIEU, P. Os três estados do capital cultural. In: NOGUEIRA, M. A; CATANI, A. (Org.). Escritos de educação. Petrópolis: Vozes, 1979. p. 73-79 (3. ed., 2001a).
BOURDIEU, P. Razões práticas: sobre a teoria da ação. Papirus Editora, 1996.
BOURDIEU, P. Capital simbólico e classes sociais. Novos Estudos-CEBRAP, n. 96, p. 105-115, 2013.
BRASIL. Lei federal nº. 9.456, de 25 de abril de 1997. Institui a Lei de Proteção de Cultivares e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, data de publicação: 28 abr. 1997.
BRASIL. Lei n. 10.711, de 5 de agosto de 2003. Dispõe sobre o Sistema Nacional de Sementes e Mudas - SNSM, e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Poder executivo, Brasília, DF, 5 ago. 2003
CASTRO, E. C.; WANDER, A. E. Cadeia de produção de sementes de feijão no brasil analisada sob a ótica da nova economia institucional. Cadernos de Ciência & Tecnologia, v. 31, n. 3, p. 475-492, 2017.
DENZIN, N.; LINCOLN, Y. O planejamento da pesquisa qualitativa: teorias e abordagens. Porto Alegre: Artmed, 2006.
FAGUNDES, G. A. Algumas reflexões em torno dos conceitos de habitus, campo e capital cultural. Revista Café com Sociologia, v. 6, n. 2, p. 103-123, 2017.
GIL, A. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
JANOWSKI, D. A. A teoria de Pierre Bourdie: Habitus, campo social e capital cultural. In: VIII Jornadas de Sociología de la UNLP 3 al 5 de diciembre de 2014 Ensenada, Argentina. Universidad Nacional de La Plata. Facultad de Humanidades y Ciencias de la Educación. Departamento de Sociología, 2014.
KAGEYAMA, Paulo Yoshio. Agrobiodiversidade e diversidade cultural. In Encontro
nacional sobre agrobiodiversidade e diversidade cultural. Brasília: MMA/SBF, 2006.
LAKATOS, E. M. Fundamentos de metodologia científica. - 5. ed. - São Paulo : Atlas 2003.
LIMA, D. M. O. Campo de poder, segundo Pierre Bourdieu. Cógito, p. 14-19, 2010.
LONDRES, F.. A nova legislação de sementes e mudas no Brasil e seus impactos sobre a agricultura familiar. Rio de Janeiro, 2006.
MARTINS, A. F. G. Produção ecológica de arroz dos assentamentos da região metropolitana de porto alegre: um caso de gestão participativa e geração de conhecimentos/Ecological rice production in settlements of the metropolitan region of Porto Alegre: a case of participatory management and generation of knowledge. REVISTA NERA, n. 35, p. 246-265, 2017.
PETERSEN, P. et al. Sementes ou grãos? Lutas para desconstrução de uma falsa dicotomia. In: DA CUNHA, FLAVIA LONDRES. Sementes da Paixão e as Políticas Públicas de Distribuição De Sementes na Paraíba. 2013.
PRODANOV, C. C.; FREITAS, E. C. Metodologia do Trabalho Científico: Métodos e Técnicas da Pesquisa e do Trabalho Acadêmico-2ª Edição. Editora Feevale, 2013.
QUEIROGA, V. de P.; BELTRÃO, NE de M. Produção e armazenamento de sementes de mamona (Ricinus communis L.). Embrapa Algodão-Comunicado Técnico (INFOTECA-E), 2004.
RAUD, Cécile. Bourdieu e a nova sociologia econômica. Tempo Social, v. 19, n. 2, p. 203-232, 2007.
ROSA FILHO, D. S. A produção social do campo de deslocamento de pessoas na Região Metropolitana de Porto Alegre. Tese de Doutorado. Programa de Pós-graduação em Administração. Escola de Administração. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2007.
TRINDADE, C. C. Sementes crioulas e transgênicos, uma reflexão sobre sua relação com as comunidades tradicionais. In: XV Congresso Nacional do Conpedi, Manaus, nov. 2006. p. 15-18.
TRIVINÕS, A. N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação: o positivismo, a fenomenologia, o marxismo. São Paulo: Atlas, 1994.
WOLFF, S. Analysis of documents and records. A companion to qualitative research, p. 284-289, 2004.
Downloads
Arquivos adicionais
Publicado
Edição
Seção
Licença
Os autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution License, permitindo o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
Os autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), sempre com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.