Relações Brasil-EUA durante o Governo Jango: o golpe civil-militar de 1964 na órbita da integração monopólica mundial

Autores

  • Itamá Winicius do Nascimento Silva Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

Resumo

O presente trabalho busca, através de uma pesquisa teórica, analisar as relações entre Brasil e EUA durante o governo João Goulart, colocando o golpe civil-militar de 1964 como resultado da integração monopólica mundial por qual passou a América Latina (e consequentemente o Brasil) no período pós-guerra. Para melhor compreender as intensas disputas entre o Brasil e os EUA, assim como suas repercussões no governo Jango, tomo como base as reflexões feitas pelo cientista político Moniz Bandeira. Apesar de terem, historicamente, relações amigáveis sem a presença de um conflito bélico, Brasil e EUA guardaram durante todo o século XX uma variedade de contradições. Diante da imensidão de conflitos e episódios entre esses dois países, faço um recorte durante o governo Jango. O principal objetivo deste trabalho é identificar as distensões nas relações Brasil-EUA, observando consequentemente a participação do poder econômico na derrubada de Jango e instauração do que cunho de Ditadura Civil-Militar Brasileira. Entre esses setores, evidencio a participação do poder econômico norte-americano (como a Brazilian Traction Light & Power, o Bank of Boston etc) que, em aliança com o poder econômico de outros países (como o caso das alemãs Mannesmann e Mercedes Benz), desenvolveu um ambiente político e militar propício a intervenções antidemocráticas. No caso em análise, o poder econômico estrangeiro foi um responsável direto pelas decisões políticas que levaram ao golpe de Estado. O principal resultado desta pesquisa se encontra na percepção de que o golpe civil-militar de 1964 foi resultado de uma conjuntura específica, denominada aqui por integração monopólica mundial, ideia desenvolvida pela socióloga Vânia Bambirra. Neste contexto, as classes dominantes locais abandonaram projetos políticos de cunho nacionalista, facilitando a interferência do poder econômico estrangeiro na América Latina. Por fim, após uma introdução geral sobre as relações Brasil-EUA, analiso sua repercussão nas duas fases do governo Jango (parlamentarista e presidencialista), evidenciando a participação do poder econômico na sua desestabilização e derrubada.

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Publicado

2021-05-28

Edição

Seção

Artigos