Violência de gênero e saúde da mulher negra: abordagens feministas-marxistas desde o Brasil

Autores

Palavras-chave:

Reprodução Social, Racismo Estrutural, Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, Saúde Pública.

Resumo

Neste artigo, procuramos, a partir da Teoria Unitária da Reprodução Social, pensar a particularidade da violência doméstica e familiar contra a mulher negra, compreendendo-a como uma questão de saúde pública urgente e grave. Utilizamos de autoras feministas-marxistas que se valem do método marxista objetivando demonstrar como os fenômenos sociais da violência de gênero e do racismo estrutural são determinantes na ordem do capital. Primeiramente, buscamos fincar as bases da noção dialética de totalidade social. Posteriormente, analisamos os fenômenos da violência de gênero e do racismo. Em seguida, compreendemos como a violência influencia diretamente na saúde das mulheres. Por fim, percebemos como tais fenômenos afetam a vida das mulheres negras no Brasil. Constatamos que a crise da reprodução social reflete no aumento e complexificação da violência, sendo necessária a construção de políticas públicas com viés anti-racista e anti-sexista, capazes de imprimir uma concepção de saúde e dignidade complexa.

Biografia do Autor

Carla Benitez Martins, Universidade Federal de Jataí, Jataí, Goiás, Brasil

Doutora em Sociologia pela UFG. Mestra em Direito pela UFSC. Bacharela em Direito pela UNESP. Professora Adjunta na UFJ. Iintegrante das Promotoras Legais Populares-Libertárias de Jataí/GO. Coordenadora do Gt Gênero e Sexualidade e integrante do GT de Criminologia Crítica e Movimentos Sociais do IPDMS.

Karolina Dadú Nunes, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, Goiás, Brasil

Graduada em Direito pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Direito Agrário também pela Universidade Federal de Goiás (UFG), integrante das Promotoras Legais Populares-Libertárias de Jataí.

Renata de Mello Mamede, Universidade Federal de Jataí, Jataí, Goiás, Brasil

Graduanda de psicologia da Universidade Federal de Jataí. Faz parte do Coletivo Feminista Jacarandá, do projeto de pesquisa e extensão Plps Libertárias - Jataí e projeto de pesquisa cadastrado no CNPq Interfaces literatura: arte e gênero nas produções poéticas.

Catharina Gomes Araújo Faria, Universidade Federal de Jataí, Jataí, Goiás, Brasil

Graduanda em Direito pela Universidade Federal de Jataí (UFJ), integrante das Promotoras Legais Populares-Libertárias de Jataí.

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Publicado

2021-08-27

Como Citar

Martins, C. B., Nunes, K. D., Mamede, R. de M., & Faria, C. G. A. (2021). Violência de gênero e saúde da mulher negra: abordagens feministas-marxistas desde o Brasil. aptura Críptica: reito, política, tualidade, 9(1), 208–224. ecuperado de https://ojs.sites.ufsc.br/index.php/capturacriptica/article/view/4874

Edição

Seção

Críptica