Florianópolis: a cidade como um palimpsesto

Autores

  • Camila Heinz Mannes Colégio de Aplicação, UFSC
  • Karen Christine Rechia Colégio de Aplicação, UFSC

Resumo

O objetivo desta pesquisa é o de caracterizar a cidade como um palimpsesto. Um palimpsesto é um pergaminho muito antigo, que depois de escrito podia ser raspado e utilizado novamente. Pesavento (2004), ao usar esta expressão, trata de uma cidade que está constantemente sendo raspada e reconstruída e que essa raspagem sempre deixa algum vestígio no pergaminho. A cidade, hoje em dia, é feita de caminhos fáceis para que o transeunte não precise prestar atenção no que está fazendo, onde está pisando. É o que Richard Sennett chama de “a privação sensorial dos novos projetos arquitetônicos” (2008) nos quais as coisas são projetadas para não nos chamar atenção e para seguirmos o caminho sem interferências do meio. Benjamin (1991), tomando a expressão de Baudelaire diz que para o flâneur a cidade se transforma em uma paisagem que é formada não somente pelo sistema sensorial do olhar, mas também o do saber, no qual é usado algo já experimentado e vivido. Isso mostra a importância do movimento de usar a memória para perceber e investigar a cidade. Dessa forma, através das leituras e da flanerie urbana, faço a escolha de um enquadramento – a Rua Menino Deus, centro de Florianópolis, SC - através do qual é possível capturar percepções históricas, sociais, memorialísticas, individuais e coletivas no tempo e no espaço. Deixar com que a cidade desperte em nós uma memória, transformá-la em paisagem e fazer com que as coisas sejam percebidas simultaneamente, faz parte do movimento de ver a cidade como algo próximo, onde a rua se transforma em casa, mas uma casa aberta a todos, ao cidadão, ao visitante, ao “estrangeiro”, àqueles que ainda não enxergaram a cidade com esses outros olhares.

 

Palavras-chave: Cidade; Palimsesto; Flâneur.

Referências

BENJAMIN, Walter. Obras escolhidas III: Charles Baudelaire um lírico no auge do capitalismo. 2ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1991.

CABRAL, Oswaldo Rodrigues. Nossa Senhora do Desterro: notícia. Florianópolis: Lunardelli 1979.

PESAVENTO. Sandra Jatahi. A cidade como palimpsesto. Esboços: Cidade e Memória, Florianópolis, no. 11, Pp. 25-30, 2004.

CALVINO, Italo. As cidades invisíveis. 12º ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.

SENNETT, Richard. Carne e pedra: o corpo e a cidade na civilização ocidental. Rio de Janeiro: BestBolso, 2008.

VEIGA, Eliane Veras da. Florianópolis: Memória Urbana. Florianópolis: Ed. Franklin Cascaes, 2009.

Periódicos: FRONTEIRAS e ESBOÇOS (UFSC)

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Publicado

2017-07-04

Edição

Seção

ARTIGOS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA