Segregação socioespacial na Grande Florianópolis: alguns apontamentos históricos e estatísticos

Autores

  • Luís Felipe Aires Magalhães Universidade Estadual de Campinas
  • Vitor Hugo Tonin Universidade Estadual de Campinas

Palavras-chave:

Florianópolis, Urbanização, Segregação

Resumo

A mesorregião da Grande Florianópolis expressa um conjunto de contradições econômicas, sociais e demográficas vigentes de um modo geral em todo o Estado de Santa Catarina. Nas últimas décadas, processos de desintegração de complexos produtivos importantes nas regiões Sul e Oeste Catarinense alteraram não apenas a distribuição do valor no Estado como de sua própria população no espaço. Assim, processa-se uma concentração populacional nas cidades litorâneas de Santa Catarina, pari passu um esvaziamento nas mesorregiões citadas, bem como na Serrana. Além destas migrações internas, contribui para o crescimento das cidades litorâneas, particularmente aquelas que compõem a Mesorregião da Grande Florianópolis, migrações interestaduais e, até mesmo, internacionais. O crescimento populacional via migrações (no município de Florianópolis, 52% dos moradores não é natural da cidade, ao passo que 15% de sua população chegou à cidade somente entre 2005 e 2010) expressa, não apenas processos regionais de expulsão populacional, como também um processo de atração populacional na Grande Florianópolis, centrado na imersão histórica de Florianópolis enquanto uma “cidade-mercadoria”. O conceito de “cidade-mercadoria” será utilizado para ilustrar teoricamente a conversão específica de Florianópolis de espaço para objeto da valorização do capital, por meio de seu sistemático anúncio como cidade turística. Enquanto “cidade-mercadoria”, a Grande Florianópolis passa a articular dinâmicas específicas de atração população com segregação sócioespacial. A principal consequência da combinação destes processos é a elitização da região insular da cidade e o maior crescimento populacional de cidades como Biguaçu, Palhoça e São José, através da mobilidade intra-urbana na Região da Grande Florianópolis. Pretende-se, com este artigo, contribuir ao entendimento das transformações urbanas na região e o conhecimento das especificidades com as quais as suas principais cidades (Florianópolis, São José, Biguaçu e Palhoça) relacionam-se com estas transformações.

 

Biografia do Autor

Luís Felipe Aires Magalhães, Universidade Estadual de Campinas

Doutorando em demografia na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

Vitor Hugo Tonin, Universidade Estadual de Campinas

Doutorando em desenvolvimento econômico na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)

Referências

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Publicado

2020-11-24