A dependência estrutural e o regionalismo aberto da América do Sul: os desafios políticos para uma integração do desenvolvimento

Autores

Resumo

A integração regional é uma via pela qual se possibilita criar as condições de desenvolvimento aos países membros de determinada região. No entanto, a integração pode ser veiculada por um matiz antagônico que permite a abertura da economia doméstica ao capital externo e a submissão exploratória das comunidades e dos povos locais, o que aprofunda as condições do colonialismo. A hipótese é que o colonialismo na América do Sul fora historicamente estruturado que impossibilita a criação de uma via de integração regional voltada ao desenvolvimento. O objetivo deste artigo é pôr em evidência essas condições históricas do colonialismo a partir de uma crítica ao eurocentrismo e ao seu par norte-americano, e, concomitantemente, evidenciar que a América do Sul, por estar sob a vigência de um regionalismo aberto neoliberal, não reúne condições de superar a dependência por via da Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sul-americana – IIRSA. Por meio de uma pesquisa bibliográfica e descritiva, analisa-se as condições estruturais que se solidificaram, historicamente na região sul-americana, e que influencia na forma pela qual a região busca uma integração meramente mercantil sem uma perspectiva alternativa ao desenvolvimento.

Biografia do Autor

Tiago Assis Silva

Especialista em Direito do Estado pela Universidade Federal da Bahia. Pesquisador bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia – FAPESB (2019-2020). Mestre em Políticas Sociais e Cidadania pela Universidade Católica do Salvador. Doutorando (aluno especial) em Relações Internacionais pela Universidade Federal da Bahia. Advogado. Conselheiro e Presidente da Comissão de Orçamento e Finanças Públicas da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional da Bahia.

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2021-10-07

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Artigos