OS EFEITOS DE UM BILHETE: REPRESENTAÇÕES DA PERDA EM VIRGINIA WOOLF E MARCEL PROUST

Autores

  • Brena Suelen Siqueira Moura

Palavras-chave:

Virginia Woolf, não-mediação, não-metaforização, morte.

Resumo

A primeira cena do romance The Years de Virginia Woolf, 1936, narra uma mulher à beira da morte. Posteriormente, consecutivas mortes ocorreram. Não houve desapontamentos. Alguma naturalidade rodeou a fala dos personagens. A perda iminente tornou-se suportável. Nossa análise considera a representação do anúncio de morte na realidade ficcional em The Years um ponto de diferença em relação à representação de outras perdas no romance woolfiano e, alargando a perspectiva, no romance moderno. Nosso contraponto será, primeiramente, a cena do romance proustiano Du côté de chez Swann, 1913. Nesse volume, temos a cena do “Não há resposta” da mãe, a qual é recusada pelo pequeno Marcel. Mais adiante, nas cenas de Albertine disparue, 1925, ao receber o bilhete da morte de Albertine, Marcel novamente nega. Há a mobilização de defesas para o “Não há resposta”. A cena do bilhete se repete em The Years. O convite do funeral de Rose é enviado. A prima de Rose também diz que não há resposta, mas, logo a narrativa segue para a cena do funeral sem grandes repercussões. Temos dois bilhetes sem resposta. Porém, os efeitos ecoam de formas diferentes na literatura de Virginia Woolf e de Marcel Proust. Em The Years, parece-nos que não há metáforas para a morte. Em Proust, a falta de resposta da mãe retorna de outra forma, deslocada, distorcida em metáforas e metonímias. Nesse sentido, como se constrói a narrativa woolfiana a partir da não-mediação, não-metaforização, defronte a perda em The Years?

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