RESISTÊNCIA NO CIRCUITO INTEGRADO: HACKERS, CIBORGUES E MEMÓRIA EM WILLIAM GIBSON

Autores

  • Eduardo Andrade Barbosa de Castro Universidade Federal Fluminense

Palavras-chave:

ficção científica, ciborgue, hacker, ativismo

Resumo

A partir do "Manifesto ciborgue" de Donna Haraway, concernente ao caráter fragmentado e híbrido do ser humano na modernidade tardia, buscarei, em contos de William Gibson, elementos que ilustram o conceito de ciborgue desenvolvido por Haraway. Segundo a bióloga, é essencial romper com conceitos binários hierárquicos – como natural-artificial, homem-animal, homem-máquina – para pensarmos o mundo a partir de um novo paradigma. Somos todos ciborgues, segundo Haraway, pois, assim como nossa memória é (a cada dia mais) fragmentada, nossos corpos também sofrem mudanças drásticas desde pelo menos a Revolução Industrial, quando o caráter mecanizado do ser humano foi salientado nas linhas de produção. Nos anos 1980, com a popularização da informática, novos horizontes nos foram expostos, e o limite entre o real e o virtual assume os contornos de uma linha tênue. Não por acaso, nessa década ocorre a publicação tanto do manifesto de Haraway como também do romance Neuromancer, de Gibson, que introduz o termo cyberspace no imaginário literário. O ciborgue atravessa o limiar entre a ficção científica e a realidade, à medida que intervenções cirúrgicas de modificação corporal se tornam lugar-comum na medicina. A proposta de Haraway, no entanto, é tirar esse ser híbrido do lugar da mera tecnologia e assimilá-lo como um discurso contra os dualismos perversos que mantêm as desigualdades do status quo.

Downloads

Edição

Seção

Artigos