DO POEMA À VIDA: UMA HISTÓRIA DE ARIEL

Autores

  • José Mariano Tavares Junior

Palavras-chave:

Ariel, Sylvia Plath, Performance, Recepção.

Resumo

Quando Sylvia Plath cometeu suicídio em Londres, em fevereiro de 1963, aos 30 anos de idade, as situações de autobiografia e os ritos de auto-aniquilamento e morte, tratados como matéria estética no espaço do livro Ariel, terminaram por invadir o real e se espelhar de dentro para fora do poema, criando um complexo jogo de refrações onde representado e representação se embaralham e se tornam, por vezes, indistintos. Tornada início e fim, a morte da poeta alterou não apenas a cronologia das coisas, mas fez com que a obra se apresentasse como um mapa a ser decifrado. Seu suicídio converteu-se, a partir de então, numa espécie de epicentro de sua obra, um lugar de onde tudo nasce e para onde tudo converge, produzindo significados dentro e fora da escrita, e se transformando num discurso que altera sobremaneira os olhares com os quais seus textos são abordados. A morte real da autora, dentro dessa perspectiva, pareceu atuar como uma espécie de confirmação das tentativas de suicídio e dos ritos de morte performados no texto literário, de modo que todos os outros temas tratados no livro – o casamento, a maternidade, a traição amorosa, a situação da mulher oprimida pela figura masculina, as guerras, o holocausto, etc. – também ganhassem a aparência de “realidade”. Este artigo é uma tentativa de recontar ou reconstituir alguns eventos que envolveram as circunstâncias das primeiras publicações de Ariel, e de sua recepção crítica, que ainda hoje continuam a moldar sua permanência no cânone.

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